Urgente: Justiça dá 30 dias para Governo do Estado retirar todas as cercas ilegais dos campos naturais de Matinha

A Justiça deu 30 dias para que o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, retire todas as cercas ilegais que estão nos campos inundáveis da cidade de Matinha, na Baixada Maranhense. A decisão contra mais de 20 pessoas e contra o Estado foi assinada nesta sexta-feira (16), pela juíza de Vitória do Mearim, Urbanete de Angiolis Silva, que responde atualmente pela comarca matinhense.

Estado tem 30 dias para derrubar as cercas dos campos de Matinha

A decisão atende aos pedidos do Ministério Público (MPE) e da Defensoria Pública do Estado (DPE) que alegaram a preservação das águas e dos campos alagados como bens públicos de uso comum do povo da Baixada Maranhense, por ser Área de Proteção Ambiental (APA), bem como pretendem garantir o acesso aos recursos naturais elementares, como a água e a fauna aquática, às Comunidades Quilombolas de Bom Jesus, São Caetano, Patos, além do Povoado de Salva Terra, todos localizados em Matinha.

Ao analisar os pedidos, a magistrada disse que tanto o MPE como a DPE comprovam as ilegalidades perpetradas por mais de 10 pessoas da cidade e a omissão das autoridades do Maranhão em proceder com as fiscalizações necessárias para evitar tais ilegalidades. “Vale ressaltar que sobre a região geográfica da Baixada Maranhense, conhecida informalmente como ‘Pantanal Maranhense’ esta se apresenta como região de reserva ecológica, cuja preservação é obrigação fundamental para a existência deste tão importante bioma”, declarou.

A juíza Urbanete de Angiolis destacou ainda que ‘a questão inclusive foi alvo de discussão na constituinte estadual, numa época em que as demandas ambientais ainda eram secundárias’ e que existe o Decreto Estadual nº 11.900/1991, que criou a Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, compreendendo três sub-áreas: Baixo Pindaré, Baixo Mearim-Grajaú e Estuário do Mearim-Pindaré – Baía
de São Marcos incluindo a Ilha dos Caranguejos.

“Na realidade, o processo de cercamento de terras é costumeiro no Estado do Maranhão. Contudo, tal prática em Área de Preservação Ambiental, notadamente em região de campos e lagos, evidencia o propósito de privatização definitiva de recursos naturais ao arrepio da lei. Além desse fato notadamente ilegal, soma-se a isso a existência de cercas eletrocutadas, o que dispensa digressões sobre as consequências danosas e letais à vida da fauna local e migratória e inclusive humana. Ainda que as referidas cercas sejam de madeira (estacas), estas causam acidentes e impedem o acesso de ribeirinhos aos recursos pesqueiros, prejudicando o sustento de inúmeras comunidades adjacentes”, comentou.

Em outra parte da decisão, a magistrada disse ainda que ‘o eventual direito de propriedade não possui caráter absoluto e a decisão de retirada das citadas cercas e fiscalização, não configura análise sobre direito de propriedade, mas sim, uma análise sobre os efeitos que o cercamento de Área de Preservação Ambiental causa as populações locais e ao meio ambiente’ e deu 30 dias para que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente retire todas as cercas ilegais dos campos de Matinha e mandou que aumentasse a fiscalização para que novas ações como essas não sejam feitas. Nas duas determinações, as multas podem passar de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

Não é só em Matinha

Ao acionar a Justiça, em fevereiro deste ano (reveja AQUI) promotor João Viana informou que existe uma Ação Civil Pública tratando sobre a temática tramita na Justiça do município, mas sem decisão judicial até hoje. A mesma situação tem acontecido em diversas cidades da Baixada Maranhense, que mesmo com a atuação do Ministério Público e de alguns órgãos, as cercas elétricas avançam a cada dia.

Em 2018, a região foi alvo de uma operação chamada ‘Baixada livre’, que percorreu o território das Sesmarias do Jardim, onde há três comunidades Quilombolas (Bom Jesus, Patos e São Caetano) dentro do município de Matinha. No entanto, desde então as ações contra esses crimes cessaram e vêm provocando, inclusive, mortes.

O blog tem denunciado, ao longo dos anos, esta situação e registro acidentes, brigas, mortes e as poucas ações que os órgãos responsáveis fizeram de 2009 até 2022. As mais de 50 matérias sobre esse debate podem ser revistas AQUI.

7 respostas para “Urgente: Justiça dá 30 dias para Governo do Estado retirar todas as cercas ilegais dos campos naturais de Matinha”

  1. Que bom o direito de ir e vir sendo respeitado. Exemplo a ser seguido em viana-MA, mas o coronelismo ainda Reina nestas cidades. Onde o nepotismo funciona bem e os denuciantes acabam nao acreditando nas autoridades..

  2. Olinda nova do Maranhão, não é diferente.
    Muitos cercando o nosso campo. Enquanto não forem presos , sempre vai te pessoas que acham que são donos .
    Nossa maior riqueza, é esse campo.

  3. Precisa vir aqui em PENALVA, os caras compram as terras e cercam os campos. Na zona rural do município os campos são todos cercados.

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