Em artigo, estudante de Direito faz critica ao modelo de disputa nas eleições da cidade de São João Batista

Dias atrás conversando com alguns amigos joaninos, logo sem percebermos estávamos falando sobre as eleições e, durante um bom tempo de conversa, foi dita uma frase que creio, todos nós já ouvimos, tanto eu como você também que está lendo este texto – “Só ganha a eleição quem tem dinheiro” – ao ouvir esta frase, me veio um vasto momento de reflexão, afinal, não é uma frase solta, ninguém por acaso falou isso e de repente se incorporou ao pensamento de todos.

Carlos Magno Figueiredo Ferreira Júnior

Esta frase tem fundamento e por acaso foi este momento reflexivo que me influenciou a escrever este texto. Ao analisar a política joanina, fica evidente a herança que temos da velha e corrupta política oligárquica, ou melhor falando, da política do café com leite, como preferir chamar. Farei um aparato histórico acerca da política brasileira relacionando-a com a nossa política local.

Desse modo, continuando o raciocínio, em 15 de novembro de 1889, ao nos tornarmos República, em regra, deveriam haver mudanças drásticas em várias esferas institucionais e sociais, sendo o âmbito político aquele que sofreria a mudança mais “radical”, pode-se dizer, pois saímos de uma monarquia e fomos para uma república. Alterou-se a forma de governo, no entanto, não houve rupturas consideráveis, pelo menos não na prática. No período monárquico (primeiro e segundo reinado) existia o voto censitário, um sistema que restringia apenas uma minoria da população, que no caso eram os homens brancos com mais de 25 anos e que possuíam uma renda anual de cem mil réis, ou seja, uma boa parcela da população não podia votar.

Assim que nos tornamos república, em 1891 foi promulgada uma nova Constituição, a qual extinguia o voto censitário, contudo, é no cenário político da República Velha (nome dado por Getúlio Vargas ao período da primeira república) que haverá o tão famoso voto de cabresto. No período da República Velha, o voto não era secreto, abrindo margem para fraudes e corrupção. As eleições para presidente da república se resumiam em candidatos de São Paulo e Minas Gerais, que “revezavam” no poder por meio do coronelismo.

O coronelismo era o nome dado ao corpo político corrupto deste momento, o qual era dominado pelos coronéis da época, latifundiários que detinham o poder político e que influenciavam nos votos dos indivíduos. Isto é, todos os seus subordinados votariam no candidato que o coronel apoiasse e assim era. Estes recebiam a alcunha de coronel por conta das patentes que compravam. Outra prática corrupta da época era o clientelismo, a gente a venda do voto em troca de favores ou dinheiro.

Depois de rebuscar tais conceitos e momentos de nossa história, agora cabe uma análise minuciosa a respeito da nossa política. A frase dita no início do texto “só ganha a eleição quem tem dinheiro”, reflete o coronelismo e a prática do clientelismo, que seria a venda do voto. Tal atitude se tornou comum no imaginário popular. Vender o voto, por muita das vezes, se tornou até motivo de orgulho por parte do eleitor. Mal sabe o mesmo que está cuspindo no seu direito e contribuindo para o descaso de sua cidade e de seu povo. É comum que vereadores, por exemplo, se perpetuem no poder, comprando suas cadeiras na câmara nos períodos de eleição.

Desta forma, não cumprem com seu papel de representantes do povo e apenas “derramam” dinheiro e colocam seus interesses particulares a frente do interesse público, a estes manifestamos repúdio e a aversão. Outro fenômeno que herda as práticas malditas e corruptas do coronelismo, é o chamado curral eleitoral, onde o prefeito que tem seus candidatos ao governo e as casas legislativas ordenam que seus funcionários votem no mesmo. Sobre isso, fica o questionamento, onde está o meu direito de votar? Realmente vivemos uma democracia? Tais práticas abusivas devem ser erradicadas o quanto antes, sei que é difícil, mas escrevi este com o objetivo de provocar esta reflexão a todos os cidadãos joaninos. Saibamos em quem votar, pensemos em nosso futuro.

Chega de eleger indivíduos deploráveis que não se interessam com o bem-estar da população, renovemos a nossa câmara, que venhamos a ser devidamente representados por quem realmente pensa em trabalhar por nós.

Adendo: o texto que fiz é uma crítica a política joanina como um todo, assim também como para a política nacional, enfim, quero deixar claro que a intenção não é atacar ninguém, mas sim tecer críticas.

Carlos Magno Figueiredo Ferreira Júnior, estudante de Direito do UEMA

14 respostas para “Em artigo, estudante de Direito faz critica ao modelo de disputa nas eleições da cidade de São João Batista”

  1. “O Direito é a Justiça não acode aos que dormem”.

    Já que estamos com esse conhecimento das más práticas e corrupção política, vamos ajuizar na justiça cada malfeitor, assim um dia mais próspero chegará.

  2. Hoje em dia muito difícil escolher em votamos por que todos prometem e fazer que é bom fica no papel vou da um exemplo cadê a estrada da rapousa cadê a entrada da cidade a marquize da rapousa foi comprido e olha que votei nele .então muito difícil

  3. Eleição é uma coisa mágica. É o prefeito que some durante o mandato e de repente ele ressurge, indo a povoados mais pobres e prometendo resolver tudo aquilo que não fez. São os vereadores que não fazem nada, dizendo que vão trabalhar, como não fizeram anteriormente.
    Pelo bem geral, faça o político trabalhar, não o reeleja!!!

    1. Parabéns Carlos Magno, o texto realmente me fez refletir. E concordo plenamente com suas palavras.
      Essa atitude de nos preocuparmos só com o nosso “umbigo” estar fazendo com que nossa população como um todo, fique ligada a isso anos a após anos.
      Uns falam que querem mudança, mas a mudança é, ele conseguir um emprego pra ele e toda sua família.

      Sejamos franco quando falamos que queremos mudança.

      Aos que querem ser político acho que seria bom, estudarem antes o que o seu cargo vai exigir, pra que eles não só ocupem uma cadeira e faça e assine só o que mandam. Falam, se pronunciem com suas opiniões.

  4. Vamos ameaçar prefeitos para votar no meu filho ou vota ou eutiro do poder quer ganhar eleição assim kkkkk quer ganhar na conversa mole …..vou comprar um posto na península por 36 mil.reais

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