Do Blog Informação é Poder do Professor Marcos Serra
Há alguns anos, alunos da rede estadual de São João Batista têm concluído o Ensino Médio, mesmo sem ter tido aulas de algumas disciplinas. Isso vem ocorrendo porque o Estado não contrata professores que supram todas as necessidades das escolas, ou quando contrata não os paga e esses profissionais desistem do contrato, deixando os alunos sem aulas. Lembramos que já houve anos em que alguns professores trabalharam o ano inteiro e até hoje não receberam um único centavo. A área mais prejudicada é das Exatas com as disciplinas MATEMÁTICA, FÍSICA e QUÍMICA.
No ano passado, por exemplo, na escola ACRÍSIO FIGUEIREDO alunos do 1° ANO passaram o 1° semestre todo sem aulas de Química e o ano inteiro sem aulas de Física, já os do 2° ANO ficaram sem professor de MATEMÁTICA e de FÍSICA o ano inteiro. E caro leitor sabe como o problema foi resolvido? A escola atribuiu notas das disciplinas que os alunos tinham aulas para aquelas que não houve nenhuma aulinha por ano. Por exemplo, as notas de MATEMÁTICA foram atribuídas a FÍSICA e vice-versa.
Vale ressaltar que este ano já faltam professores para várias disciplinas nas três escolas da rede estadual, como veremos depois. Os diretores já comunicaram o pessoal da URE (Unidade Regional de Educação) e nada foi resolvido. No entanto, a Secretária de Educação, Olga Simão, usa os meios de comunicação para dizer que a greve dos professores, deflagrada pelo sindicato da categoria, no dia 1° de marco está prejudicando o ano letivo de 2011. Para a “nobre” secretária a greve prejudica os alunos, mas a falta de professores em sala de aula não.
Sabemos que a LDB (Lei de Diretrizes e Base da Educação) determina que sejam cumpridos, no mínimo, 200 (duzentos) dias letivos, por isso o calendário escolar deste ano foi elaborado contemplando 27 sábados com aulas, isso para que o ano letivo começasse em 21/02/2011 e terminasse 23/12/2011. Puro engodo. Primeiro porque o professor não é obrigado a trabalhar aos sábados em sala de aula e, se o fizer, terá direito a receber por hora extra e isso, nós sabemos que o Estado não paga. Segundo porque o Estado não tem transporte escolar para os alunos da rede estadual, vive sugando os municípios ao repassar vários irrisórios, segundo informações da Secretaria Municipal de Educação, insuficientes para pagar as despesas. Terceiro porque, mesmo que o município disponibilize o transporte, boa parte dos alunos e dos pais não aceita as aulas dos sábados e não seria justo que trabalhássemos com apenas 1/3 ou 2/3 dos alunos.
Ainda em relação ao cumprimento dos 200 dias letivos, lembramos que aqui em São João Batista, os professores aderiram à greve apenas no dia 14 de março e as aulas foram iniciadas desde o dia 21 de fevereiro apenas com os professores efetivos, pois os contratados ainda não haviam sido chamados pela URE para assinar seus respectivos contratos. Lembramos também que, nesse período, mais de 80% dos alunos das três escolas não assistiram às aulas por falta de transporte e os poucos que compareceram às escolas tinham aulas apenas dos professores efetivos, ou seja, dois ou três horários no máximo. Essa situação continua quase igual, pois ainda faltam professores para várias disciplinas como foi exposto acima. Diante do exposto, faço um questionamento: Como a URE procederá para que os 200 dias letivos sejam garantidos a todos os alunos? Percebe-se claramente que os 200 dias letivos, previstos em lei, já estão totalmente comprometidos, independente da greve, pois os professores que forem contratados posteriormente não ministrarão aulas referentes aos meses de fevereiro a abril. Voltando à questão dos sábados, para provar que se trata de engodo, como afirmamos anteriormente, saibam que até hoje (18 de abril) já passaram cinco sábados de aula (ver Síntese Calendário Escolar abaixo) e não houve aula nenhuma. Sobre as aulas de sábados, os professores estão sendo orientados a registrar conteúdos como se as aulas tivessem sido dadas. Mas no final do ano todos os formulários serão preenchidos como se tudo tivesse ocorrido dentro da lei.
Será que é essa a educação que os pais e os alunos esperam e têm direito de receber? Se for, continuem calados e fingindo que está tudo bem. Se não estão satisfeitos, lutem, reivindiquem, busquem seus direitos, deixem claro para a governadora que a insatisfação é geral e não apenas dos professores. Ajudem-nos a mostrar que a greve não reivindica apenas melhorias salariais, como a governadora diz, mas melhorias em todos os aspectos da educação.
Vejamos abaixo a real situação de cada escola para o ano de 2011:
CENTRO DE ENSINO “ACRÍSIO FIGUEIREDO”
Segundo a professora Yolanda, os alunos estão ainda sem algumas disciplinas, como:
· No matutino: QUÍMICA para os 1º ANO A, B e C e 3º ANO (turma única) e FÍSICA para os 2º A e B e 3º ANO (turma única).
· No vespertino: FÍSICA para o 1º ANO A, os 2º ANO A, B e C e o 3º ANO (turma única) e BIOLOGIA para o 3º ANO (turma única).
Segundo a professora, a escola também apresenta outros problemas, tais como:
1. O professor de FILOSOFIA do matutino e vespertino está pensando em desistir do emprego, caso isso ocorra será mais uma disciplina sem professor;
2. O professor de HISTÓRIA, que acumula o cargo de diretor, pouco tem ido às salas por falta de tempo e excesso de problemas a resolver na escola;
3. Devido a um projeto de EDUCAÇÃO FÍSICA, elaborado durante o período da greve, com o objetivo de estimular os esportes, todas as sextas-feiras duas turmas são dispensadas de assistir às aulas para se deslocarem ao Ginásio da cidade a fim de realizarem uma partida cuja duração é de 40 minutos, ou seja, nesses dias as turmas dispensadas não têm aulas. Além disso, dois professores sempre são dispensados de suas aulas para acompanharem as turmas que realizarão os jogos, ou seja, os alunos que permanecem na escola ficam sem esses horários.
4. Outro caso é da professora de LÍNGUA INGLESA que está grávida e precisará tirar licença maternidade. Vale lembrar que esse é um direito da professora, portanto, cabe ao estado contratar um professor para ficar em seu lugar durante o período de licença, ou seja, seis meses. Sendo assim é mais uma disciplina que os alunos ficarão sem ter durante os seis meses de licença da professora se o estado não contratar, que é o que poderá acontecer.
CENTRO DE ENSINO “DEP. JOSÉ RIBAMAR DOMINICI”
Os alunos também estão sem algumas disciplinas, como:
· No vespertino: FÍSICA para o 1º ANO A e B, o 2º ANO (turma única) e os 3º ANO A e B e MATEMÁTICA para o 1º ANO B, o 2º ANO (turma única) e os 3º ANO A e B, QUÍMICA, para o 2º ANO (turma única) e LÍNGUA INGLESA para os 3º ANO A e B, fora o caso da professora de HISTÓRIA (1º ANO A e B, 2º ANO (turma única) e 3º ANO A e B) que ainda não foi à escola e os alunos também estão sem ter aulas dessa disciplina.
Caros leitores,de fato essa situação nas escolas estaduais do nosso município são muito preocupantes,principalmente para os alunos que em breve vão ser submetidos a provas como ENEM,concursos públicos e etc.O governo do estado mostra mais uma vez que não está preocupado com a educação dos nossos jovens.Gostaria de esclarecer também que o professor de Filosofia do C.E.Acrisio Figueiredo(Matutuno e Vespertino) não está pensando em desistir,na verdade ele foi devolvido para a Secretria de Educação por faltar muito´,inclusive nos últimos meses nem na escola apareceu,contribuindo assim de maneira irresponsável para mais uma lacuna no horário escolar.
Obrigada Marcos, está realizando um otimo trabalho,e só para lembrar: ESTAMOS COM VC!!!
Professores da Rede Estadual do Município de São João Batista, será que é só a Rede Estadual que está em vias de denuncias?
E outra coisa, não existe mais Sindicado de Professores do Municipio? Ou seus menbros ja conseguiram o que desejavam (cargos comissionados) na atual gestão, e esqueceram a “militancia”?
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