Naturais da cidade de Arari, Zeca Baleiro escreve sobre seu pai que completou 102 anos

O cantor e compositor Zeca Baleiro usou uma rede social para escrever sobre o pai, Antônio Jesus dos Santos, conhecido como Seu Tonico, que completou 102 anos esta semana. Os dois são naturais de Arari, cidade da Baixada Maranhense.

Zeca Baleiro e seu pai, Seu Tonico

Nas palavras do artista, Seu Tonico ‘está inquebrantável como uma baraúna no chão rachado do sertão’. O texto foi publicado nesta quarta-feira (22), pelo próprio cantor, nas redes sociais.

Antônio de Jesus Coelho Santos (Tonico Santos) 1923, nasceu em Arari em 1923, filho de Leão Santos e Manira Aboud Santos, nascidos no Líbano. Tem como irmãs Júlia, Adélia, Mariana, Nazi e Amélia. Do casamento com Socorro Santos nasceram Zeca Baleiro, Virginia, Abdomaci, José Reinaldo, Ilda e Lúcia.

Prefeito de Arari entre 1957 e 1960, não guarda boas recordações do período, que o empobreceu, motivado pelo “fiado” dos eleitores e enchentes que assolaram o município em meio ao seu mandato. “Entrei como um dos homens ricos de Arari, um grande comerciante, e saí ‘quebrado’”, disse numa entrevista. Antes de chegar a São Luís, onde mora há mais de 50 anos, viveu uma temporada em Miranda do Norte.

Em São Luís cursou dois anos na Faculdade de Farmácia, curso interrompido para voltar a Arari e assumir a chefia da família com a morte do pai e de uma irmã. Foi quando começou a ser procurado como conselheiro de saúde, face ao fato de haver frequentado a faculdade. As pessoas começaram a procurá-lo e a chamá-lo de “doutor”. Também foi professor do Colégio Arariense e diretor do Colégio Comercial de Arari.

Ao transferir-se para a capital, na década de 1970, estabeleceu-se com o Ambulatório Santos, na Rua Humberto de Campos, 205 (transversal à Praça João Lisboa), onde “clinicou” por mais de 40 anos, procurado para todo tipo de problemas. Só abandonou o endereço em 1° de setembro de 2019 (um domingo). Segundo o neto Mauro, os fregueses tinham tamanha confiança nas suas recomendações que o visitavam antes de uma ida ao médico. No ambulatório ele exercitava sua alquimia, criando fórmulas farmacêuticas e fazendo pequenas cirurgias.

Vejam abaixo o texto de Zeca Baleiro

“Quase nunca posto coisas “familiares” aqui. Tenho reservas ainda, mesmo sendo “público”. Considero isso tudo de algum modo precioso demais para expor.

Não condeno quem o faça, é só quem sabe a força do meu gen interiorano falando alto.

Fiz um post quando minha mãe partiu (inevitável!) e outro quando meu pai fez 100 anos.

Hoje ele faz 102, e segue firme como pedra, lúcido e ativo.

Meu pai é um herói pra mim.

Fui muito amado na infância, não tenho queixas, por isso terapeutas não se criam comigo (😂).

A vida do meu pai daria um filme. Filho de imigrantes sírios que vieram para a Baixada Maranhense (Arari), como tantos, ele estudou Farmácia, mas foi obrigado a parar por um acontecimento familiar trágico: pai e irmão morreram no espaço de uma semana. O irmão deixou 6 filhos, dos quais meu pai cuidou com zelo de pai legítimo.

Teve uma farmácia e atuou como “enfermeiro prático”, como diz – mas na verdade sempre esteve mais pra “curandeiro”.

Tratou gente com lepra e malária, fez partos e até complexas cirurgias com coragem intrépida e uma intuição rara.

Salvou afogados, gente surrada e baleada nos torrões brutos do interior maranhense.

Na velhice, se transformou em fabricante de licores, conservas e a já clássica “catuaba composta”. Virou “celebridade” cultural da cidade de São Luís, onde vive.

Sempre alquimista, sempre pajé.

Inquebrável como uma baraúna no chão rachado do sertão.

Viva Tonico, sempre na área!

Se derrubar, é pênalti.

Zeca Baleiro

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