São Luís e municípios da Baixada sediam Encontro de Filantropia e Desenvolvimento Comunitário a partir de amanhã

De acordo com o Grande Dicionário Houaiss, filantropia significa profundo amor à humanidade, desprendimento, generosidade para com o outro, caridade. O mundo ainda recupera-se das sequelas deixadas pela pandemia do Covid-19 nas vidas das pessoas, nas nações e economias dos países. Em meio à acentuação das desigualdades neste período, tornaram-se frequentes as ações isoladas ou coletivas de pessoas solidarizando-se com quem naquele momento estava incapaz de trabalhar e de gerar renda para si e família. Quem possuía melhores condições saiu às ruas ou mesmo às instituições para doar alimentos, roupas, materiais de higiene etc. 

Juventude empreendedora da Baixada Maranhense

No entanto, a caridade e a filantropia sempre existiram nas sociedades e podem e devem ser estimuladas nas pessoas. Neste sentindo, o Instituto Formação – organização maranhense com atuação internacional – e o Instituto Comunitário Baixada Maranhense com experiências inovadoras e integrante de duas redes internacionais de filantropia, tiveram a ideia de realizar o encontro “Filantropia e Desenvolvimento Comunitário – Embaixadeiros Compartilhando Saberes”, objetivando fortalecer a cultura da filantropia na capital e Baixada Maranhenses, reunindo organizações e pessoas, sejam elas físicas ou representantes de empresas, instituições que podem apoiar projetos de jovens/famílias de empreendedores no Território da Baixada -  Campos e Lagos Maranhenses e o desenvolvimento do estado. 

Regina Cabral, diretora do Instituto Formação, e embaixadeira (pessoa que nasceu na Baixada Maranhense e que apoia este território) destaca que o sentido do encontro perpassa pelas definições de solidariedade, mas tem, principalmente, relação com o combate às injustiças sociais, com a promoção dos direitos humanos, o desenvolvimento orgânico e a preservação do meio ambiente, o combate à fome e a tantas outras causas que estão presentes nos cotidianos em sociedade. “Acreditamos que o estado deva, com a arrecadação dos impostos, garantir as melhores políticas públicas que temos como direito constitucional. Contudo, a sociedade se movimenta, novas necessidades surgem a todo momento e por isso é tão importante o papel de organizações sociais que percebem essas causas, essas necessidades e reúnem esforços para apoiá-las. “, ressalta Regina. 

Os três dias de programação inicia-se com o jantar solidário, dia 27, às 19h, no Blue Tree Hotel, em São Luís, reunindo pessoas, empresas e organizações que desejam contribuir com o desenvolvimento do Maranhão, envolvendo ações de organizações da sociedade civil. É um modelo de evento que costuma acontecer em grandes metrópoles, e reúne empresários e filantropos que investem em pequenas ideias que geram devidas transformações e a proposta em São Luís é similar.  

Estarão presentes fundações de sete países das Américas que realizam investimentos parecidos, entre elas a Rede de Turismo Comunitário del Austro Pakariñan (Equador); a Rede de Filantropia para a Justiça Social, o Instituto Desenvolvendo o Investimento Social – IDIS (Brasil) e a Fundação Interamericana – IAF (EUA), financiador do Instituto Comunitário Baixada Maranhense.  Será um momento para diálogos sobre a cultura dos investimentos Sociais no Maranhão e de novos networks. O jantar ainda terá a participação de artistas e cientistas sociais da Baixada Maranhense, com música, poesia e contação de histórias.  

Para a Diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, que estará presente ao encontro, a Baixada Maranhense é um exemplo de encontro de filantropia e desenvolvimento comunitário. “É uma honra participar do encontro de filantropia e desenvolvimento comunitário. A filantropia cresceu muito no Brasil nos últimos anos. Estamos anunciando essa semana no World Guide Index, que é o índice de solidariedade, que o Brasil aparece um dos 20 países mais generosos do mundo, na posição 18, entre 119 países, sendo que a última posição do país neste ranking era 54º, ou seja, um avanço incrível. Considerando o momento atual, pós pandemia e todas as turbulências econômicas e políticas que o país atravessa, a filantropia se torna cada vez mais importante, porque é um capital neutro, um capital que pode fazer a diferença e que pode criar soluções inovadoras. Não posso deixar de falar sobre a importância do desenvolvimento comunitário, que é onde tudo acontece, no território, na comunidade. As soluções estão nos territórios, os institutos e fundações comunitárias partem do diagnóstico claro dos principais problemas e buscam endereça-los aos filantropos, doadores que apoiam negócios de impacto nos territórios. A partir de encontros como estes de filantropia  e desenvolvimento comunitário que vemos a transformação do território e conseguimos transformar nosso país ”, considera. 

Durante o jantar filantrópico serão apresentados o Banco SOLIDÁRIAS e o Crédito Social Baixadeiro e haverá um leilão em que os convidados/investidores poderão escolher projetos para apoiar, utilizando a moeda SOLIDÁRIAS. “O Jantar Solidário é uma proposta de criar uma referência de evento que discuta e desenhe formatos para o Maranhão. Apesar de termos grandes ações nesse sentido, e da filantropia estar presente em nosso meio, não temos tão disseminada a cultura da doação em rede, de forma contínua para essas causas e necessidades. Existem sim, os momentos pontuais, como durante a pandemia e outras tragédias, mas não de forma contínua, como propomos”, acrescenta a diretora do Instituto Formação. 

Nos dois outros dias do encontro, os convidados irão conhecer alguns dos projetos de jovens na Baixada Maranhense apoiados pelo Instituto Baixada e o roteiro de turismo comunitário, que se inicia nas comunidades agrárias tradicionais quilombolas, Santana dos Pretos – Ilha do Cajual e Itamatatiua, ambas em Alcântara. O circuito segue ainda pelo Parque Agroecológico da Buritirana, em Peri-Mirim, o cinema de São João Batista e a sede do Instituto Baixada, em Olinda Nova do Maranhão. 

O Instituto Baixada já lançou cinco editais de apoio ao desenvolvimento do Território ( I Edital Formação de Professores; II Edital Cofo Cultural; III Edital Chamada Direta de Apoio a Pessoas e Organizações da Baixada; IV Edital Jovens Empreendedores e  V Turismo Comunitário).  Os editais atingiram diretamente cerca de 8 mil pessoas.  

Um dos projetos desenvolvidos com o apoio do Instituto Baixada que será visitado, a Sala de Cinema do Fórum da Juventude de São João Batista, estava fechada por dois anos devido à pandemia e por falta de manutenção e reabriu este ano. Este é o único cinema no território da Baixada, criado, em 2007, inicialmente, como cineclube e que atende toda a comunidade e municípios vizinhos. “Tivemos a parceria com o Instituto Baixada e voltamos a operar o cinema com equipamentos novos e com o apoio dos laboratórios de mídias e tecnologias. Temos parcerias com as escolas e comunidade em geral para oferecer esse espaço de lazer para nossa cidade”, diz o coordenador do Fórum da Juventude, Raimundo Nonato Dunga, que acrescenta que o espaço está aberto para agendamentos de sessões e deve sediar eventos como o Festival Guarnicê de Cinema e o Dia Internacional da Animação – DIA. 

Júlio Gomes é integrante da Companhia Marizés, de Bequimão, outro projeto apoiado pelo Instituto Baixada, e destaca a importância do trabalho social que vem sendo desenvolvido na Baixada Maranhense. “Fazemos a representatividade regional defendendo a bandeira da cultura, do bumba meu boi. O Instituto vem contribuindo conosco, dando sustentabilidade para que possamos levar nossa cultura e o trabalho sócio-cultural promovendo ações que permitam que nossos jovens estejam envolvidos com música, dança, artesanato”, pontua o artista. 

Parque Agroecológico Buritirana 

Durante a visita ao Parque Agroecológico Buritirana, em Peri-Mirim, onde também são desenvolvidos projetos produtivos, os convidados poderão participar de oficinas de Turismo Comunitário (Trilhando; Hortas e Sementes Crioulas; Tecendo Redes; Esporte e Desenvolvimento; Construindo com a Natureza e Rádio Comunitária.  

O Parque Agroecológico  é constituído pela área de duas fazendas contíguas, Buritirana I (456,88.86 Ha) e Buritirana II (138,51), totalizando 595,39 Ha. Sua gestão é compartilhada pelo Instituto Formação, Formação Faculdade Integrada, Instituto Baixada e Instituto Maranhão Amazônia de Ensino Superior. O Parque é uma das áreas mais preservadas da Baixada Maranhense e parte da Amazônia Maranhense. Os gestores do parque preservam sua biodiversidade, constituída por babaçuais, campos naturais onde são encontradas diversas espécies da fauna e flora da Amazônia Baixadeira, como espécimes raras de borboletas frutígoras e formigas gigantes. 

 

Banco SOLIDÁRIAS -  Crédito Social Baixadeiro 

O Instituto Formação e o Instituto Baixada criaram o Crédito Social Baixadeiro que tem como objetivo fortalecer o empreendedorismo local, apoiando pessoas que comandam negócios na região do Terminal do Cujupe. O proponente do crédito deve atender a alguns critérios, como ser baixadeiro, possuir um negócio em andamento, renda familiar até um salário mínimo e  ter uma função na comunidade.  

O cadastro é realizado na Sala das Incubadoras no Terminal do Cujupe e passa em seguida por análise para aprovação ou não do crédito. Os empreendedores poderão dividir em até 12 x o pagamento do crédito. Funciona assim: Solicitou R$ 1.000, pagará R$1.100; R$2.000, pagará R$2.200, e assim sucessivamente.  Ascom/Instituto Formação

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