Matinha, terra da manga…uma cidade vocacionada ao Turismo
João Carlos da Silva Costa Leite*
Conforme matéria do blog do Jailson Mendes, veiculada em 28 de março de 2022, seis municípios são incluídos no novo Mapa de Turismo Brasileiro. Estão arrolados Arari, Matinha, Pinheiro, São Bento, Bequimão e Santa Helena, pertencentes ao Polo Campos e Lagos Floridos. Inseridos numa das mais antigas áreas do Estado do Maranhão, estes municípios faziam parte da Baixada Ocidental. Suas belezas, encantos e magias, são cantadas, decantadas por poetas, escritores, cantores, compositores, artistas populares, nascidos ou simpatizantes do território.
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Além da separação em microrregiões, baseadas em características geográficas com destaque para clima, vegetação, relevo etc. o Maranhão foi dividido pelo Ministério do Turismo, no ano de 2014, em 10 Polos Turísticos, instancias que contemplam, prezam, utilizam, e estimulam conceitos, acepções voltadas ao turismo e suas copiosas, diferenciadas, potencialidades.
São eles: São Luís, Lençóis Maranhenses, Delta das Américas, Chapada das Mesas, Florestas dos Guarás, Cocais, Lagos e Campos Floridos, Munim, Amazonia Maranhense e Serra Guajajara Timbira e Kanela. Nosso querido torrão situa-se no Polo Lagos e Campos Floridos, juntamente com as cidades de Arari, Conceição do Lago Açu, Santa Inês, Pindaré Mirim, Pinheiro, São Bento e Santa Helena.
Emancipada de Viana em 1948, localizada a 240 kms da capital, Matinha contém parâmetros que possibilitam a exploração, o desenvolvimento, e o empreendedorismo de modo sustentável e com retorno financeiro. Poderíamos dizer que estes fundamentos estão latentes no DNA da cidade, desde sua fundação. É banhada pelos piscosos lagos Aquiri e Itans, orlados por enseadas, pontas, abas e tesos esplendidos, além de inúmeros rios, riachos, igarapés, que desaguam ou confluem a estes. É administrada desde 2017 pela professora Linielda Nunes Cunha, a primeira mulher a ser eleita e reeleita na sua história
O acesso a cidade pode ser de duas formas, tomando como base a saída da Capital. A primeira e mais fácil, Br 135, até Miranda do Norte; nesse trecho, pega-se a Br 222, até Vitoria do Mearim, a partir daí, a MA 014, 58 kms depois, “metrópole das mangueiras”. Outra opção: saída pelo porto da Ponta da Espera, numa agradável viagem de Ferri Boat, desembarcando no Porto do Cujupe. 70 kms na MA 106, até o povoado Três Marias. Adentrando a MA 014 no sentido inverso a Pinheiro, passando por São Bento, São Vicente Ferrer, Olinda Nova; 107 kms depois, Matinha.
Cidade hospitaleira, de povo inteligente, jovial, espirituoso, criativo, Matinha está credenciada, após muita luta institucional e burocrática, agora com o aval ministerial, a mostrar ao Maranhão, Brasil e mundo, suas qualidades e atributos, nos padrões que a exploração do turismo requer e convém. Desfruta de adequados locais para hospedagem, sendo estes, os hotéis Padre Cicero e São Sebastião; as Pousadas do Bolinho, MA 014 e JR, com atendimento 24 horas. Estradas vicinais em bons estados, restaurantes com gastronomia diversificada, abundante e deliciosa. Além de muitas frutas, que podem ser transformadas em sucos, musses, compotas, onde logicamente reina absoluta a manga, nosso símbolo mor.
Alguns pontos já dispõem, mesmo ainda sem uma boa estrutura, condições de receber visitante. São eles: 1- Povoado Ponta Grossa, espetacular área a margem do lago Aquiri, com um espaço preservado da mata nativa, vista privilegiada ás aguas, incorporando passeios em lanchas, barcos ou jets ski, restaurante no qual podem ser apreciados peixes nativos/ criados em cativeiro, assados, fritos ou cozidos; 2 – João Luís, comunidade quilombola, com predominância para o turismo de base comunitária, pesca artesanal, além de forte influência das brincadeiras e festejos populares/ religiosos de tradição afro descendente. Sua estrada foi asfaltada recentemente. Rodeia o lago Aquiri 3 – Santaninha, das cristalinas águas, cercada de natureza quase virgem. Um verdadeiro paraíso a céu aberto, propicio a banhos e passeios com lanchas e barcos, além de práticas desportivas, como jet ski, wakerboard, caiaques, body surf, jobe boia, etc.
Próximo, temos ainda a Enseada de Nazaré, com os mesmos encantos e belezas 4 – Itans, vetusto distrito municipal, distante 18 quilômetros da sede, uma via totalmente asfaltada. Itans é detentora do honroso título de maior produtora de peixes criados em cativeiro, na região da Baixada. Supre boa parte dos supermercados no Maranhão e outros Estados da União. Está situada às margens do extraordinário, encantado, misterioso, deslumbrante lago do mesmo nome. Nesse item de locais já aptos para atender o fluxo de turistas, temos também um território quilombola repleto de arvores nativas, histórias misteriosas, fantásticas, que disponibiliza uma agroindústria comandada pela Associação dos Agroextrativistas do Território Quilombola SesMaria do Jardim – AATQSJ -, entidade vinculada ao MIQCB – Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu -, integrada pelos povoados Bom Jesus, Patos e São Caetano, fabricando azeites, mesocarpos e biscoitos, derivados do coco babaçu.
E o povoado Santa Maria, com a já consagrada cavalgada realizada todo mês de setembro, época do abaixamento, que este ano completa 10 anos. Percorrendo pelo campo, numa região alagada e inacessível, a não ser por canoas, durante o inverno, o itinerário Santa Maria, Ilha Verde e vice-versa, culminando com um almoço em Ilha Verde para os participantes. Encravada na região central da Baixada Maranhense, Matinha faz fronteiras com as cidades de Viana e Olinda Nova pelo lado dos campos e lagos, e com as duas já citadas, juntamente com São Vicente Ferrer, na região do mato ou centro. É cortada pela MA 0l4, apresenta inúmeras estradas, que dotam o município de acesso durante o ano todo.
Tomando por base a avenida Major Heráclito Alves da Silva, em frente a Prefeitura Municipal, seguindo no rumo leste, temos uma vicinal que finaliza as margens do lago Itans. É a famosa Estrada do Peixe, entregue a comunidade completamente asfaltada pelo governo do Estado no ano de 2019, numa justa homenagem ao inequívoco sucesso com referência a nível estadual e nacional do povoado Itans, no que concerne a piscicultura, criação de peixes em cativeiro. Dessa forma, disponibilizando, possibilitando a vazão, integrando e movimentando o turismo de negócios.
Ao longo dos seus 18 quilômetros, passa pelos povoados Ilha Verde, Aleluia, Boa Fé e Coroatá, localidades onde a piscicultura e outras atividades de pesca, agricultura e pecuária despontam. Na MA 014, bairro Santa Maria dos Meireles, temos a vicinal que interliga Matinha a vários povoados, chegando a Cutia III, ou Bomfim, região do centro. Esse trajeto corta ou passa ao lado das povoações, Meia Légua, Santa Rita ,Vianas, Graça – onde foi recentemente implantado o projeto Bosque dos Mangueirais -, Tanque de Valencia, Preguiça Nova, Preguiça Velha, Cutia II e III.
A altura do povoado Chulanga, no sentido Viana, mais ou menos cinco kms da sede de Matinha, uma outra via municipal projeta-se, passando pelos povoados, Vila Firmino, Piraí, Vilinha, Santa Teresa, Jaqueira, Sumaúma, São Felipe, Itapera e Santa Izabel. Estas estradas seguem quase paralelas em todo o seu percurso, podendo ser acessada uma a outra em diversos pontos por ramais de trafego sazonal, que atravessam povoações onde predominam a agricultura familiar, notadamente o cultivo de milho, feijão e mandioca e ainda alguns açudes, onde se pratica uma incipiente piscicultura. Entendemos potencialidade ao turismo de aventuras.
Outrossim, poderíamos nomear a via que leva ao povoado Aquiri, um dos mais antigos do município, situado a margem do lago do mesmo nome, que é acessado pela rua Conrado Nunes; a estrada municipal, originada na MA 014, povoado Belas Águas, encerrando-se no Cutias I, que corta Santa Vitória, Azevedos, com ramificação pela Campina. Os locais e atividades elencados, certamente serão os elementos que deflagrarão em conjunto com este abnegado povo, nossa querida Matinha ao anelo de se tornar um profícuo ambiente onde o turismo abundará, gerando consequentemente, riquezas .
Praticar o turismo, é segundo nosso entendimento mover as estruturas e fundamentos de uma região, visando alcançar o progresso e o desenvolvimento desta de modo sustentável, alcançando todos os setores da sociedade. De acordo com o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – , a indústria do turismo alicerça-se em três fundamentos: infraestrutura dos destinos turísticos; qualidade e criatividade dos serviços oferecidos aos visitantes; e política de divulgação eficiente.
Em suma, os apontamentos explicitados, trazem um agradável menu, recheado de opções para o setor turístico, em suas mais diversas especialidades, exprimindo a imensa, extraordinária vocação, que a outrora Mata Pequena, atualmente Matinha, possui.
Bibliografia… Documento SEBRAE – Diagnóstico dos Potenciais Atrativos Turísticos de Matinha – MA
Agradecimentos:
- Carlos Cesar Silva Brito, Empresário matinhense, ecologista, membro da AMCAL, – Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letas-, entusiasta do turismo em Matinha;
- Raimundo Sérgio Silva Aroucha, matinhense, ferroviário aposentado, empresário iniciante;
- Vivania Gonçalves Ferreira, militante matinhense , funcionária da Prefeitura Municipal de Viana;
- Almirana Araújo Furtado – Moradora de Itans, funcionária Pública Municipal em Matinha;
- Kelli Ane Silva Cutrim – Coordenadora de Desenvolvimento Econômico e Agente de Desenvolvimento da Prefeitura Municipal de Matinha;
- Justino Cantanhede Junior – Secretário Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Matinha;
- Maria do Rosário Costa Ferreira – Militante e liderança do Território Quilombola Sesmaria do Jardim Município de Matinha, presidenta da Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu;
- Eliseu Gomes Silva – Presidente da Associação de Produtores e Produtoras Rurais da Psicultura e Pesca Artesanal do Pov. Itans e Circunvizinhos;
- Neemias Gomes dos Santos – Secretário Adjunto de Finanças da Prefeitura Municipal de Matinha.
Graças a eles este texto foi possível.
Parabéns pelo texto. Não conheço a cidade, mas a cada dia fico mais feliz em saber que temos Matinha.
O conjunto da obra ficou muito lindo e representou bem a Baixada Maranhão. João Carlos exprimiu muito o que é Matinha. Vida longa ao povo da Baixada
Parabéns ao povo de Matinha. Belos registros de nossa gente da Baixada Maranhense
Mais que merecido. Não só Matinha mas a Baixada Maranhense em sí tem um potencial turístico enorme. Isso, mesmo depois de muita coisa linda ter sido ou está sendo destruída. Vivo até hoje com o encantamento que me causou quando em 1985 fui pela primeira vez de Viana até Matinha de lancha pelo Canem. À época, aquele era o único meio de transporte que era usado durante a estação invernosa entre os dois municípios.
Que lindo! Parabéns, João Carlos! Fostes perfeiro ao descrever nossa terra. Foi uma honra poder contribuir com teus relatos. 👏👏👏👏👏👏