Não há consenso entre os cientistas na definição de quando, como, onde e de que modo o ser humano despertou a vontade de comunicar-se entre si. A resposta a essa importante pergunta perdeu-se nas névoas do tempo.
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Sabe – se que os primeiros hominídeos utilizavam tal qual nós hoje, os cinco sentidos, que sob o comando do cérebro, compartilhavam informes aos seres convencionados, detentores de razão.
A história ensina que fumaça, rufar de tambores, foram talvez as formas mais antigas depois da voz, para que houvesse diálogo. Isso quando ainda habitávamos cavernas.
O uso de pinturas rupestres nos interiores destas moradias, representaram uma segunda leva evolutiva. O homem do paleolítico expressava medos, vitórias, religiosidade, dando contornos estéticos ao seu cotidiano.
A seguir surgem os sinais gráficos, supostamente através dos riscos das lanças dos caçadores, reverenciando suas conquistas.
A escrita emerge da consolidação dessas imagens, formatando aquilo que convencionou -se chamar de silabas, historiadores dão credito ao povo sumério por esta façanha. Os caracteres mais antigos foram a escrita cuneiforme.
A interação entre falantes da terra, considerados dotados de razão, sempre foi desde o início heterogênea, descontinua, discrepante, e assim permanecerá ad infinitum
Tal diversidade faz-se presente não só nos degraus relativos ao conceito social, racial, financeiro, estrutural, como também em fundamentos destes elementos na expansão, consolidação, decadência, e até extinção de civilizações.
Destarte, enquanto fenícios fabricavam barcos capazes de singrar oceanos e mares revoltos, povos em outras localidades, mal conseguiam confeccionar pequenas e instáveis embarcações. Ao mesmo tempo em que gregos e romanos refastelavam-se com lautos e refinados banquetes, na América e Oceania ainda se praticava a antropofagia.
Pelas águas, salgada ou doce, começou a primeira disseminação da comunicação no planeta, um precedente àquilo que posteriormente veio a ser chamado globalização.
Durante milênios a memória civilizatória geracional, foi guardada e transferida de modo oral. Inúmeros livros, notadamente os de teor religioso, estão vivos entre nós devido a tradição baseada nesse contexto das sociedades.
A aparição dos escribas, simbolizou intenso avanço no acúmulo do armazenamento e conservação do conhecimento. Devido a isto, em algumas culturas antigas tais profissionais eram extremamente valorizados. Talvez essa seja a semente da famosa frase: “ quem tem a informação tem o poder” .Exemplos da influência dos escribas podem ser vistas em civilizações egípcias, israelitas, romanas, gregas etc.
Grandes obras confeccionadas a mão em materiais os mais diversos possíveis, emergiram dessa fase da história. Alguns povos, como os hebreus, separavam parcelas importantes da comunidade, para cuidar e conservar seus acervos.
A Torah, o correspondente judaico ao pentateuco, os cinco primeiros livros do Velho Testamento cristão, é um exemplo. Conta a tradição que foi redigida por Moisés, com conteúdos repassados de pai pra filho durante milênios.
Quando no século XV, Johann Gutenberg inventou a imprensa, a parte mais predadora de humanos, localizada na Europa Feudal e dita civilizada, entrava numa era de intensa atividade, objetivando a propagação de seus espaços ocupação, uma vez que o velho continente estava devastado e superpovoado.
Não foi à toa que nações com tecnologia náutica de ponta, fixaram em suas propostas de expansão a busca ensandecida por novas terras, atravessando bravios mares, oceanos, chegando a rincões inimagináveis e desconhecidos até então.
Obviamente que essa motivação não poderia ser mostrada claramente, por inúmeros motivos. A solução foi forjar a ideia de a que tais viagens eram para chegar as Índias e adquirir especiarias, muito apreciadas no ocidente.
Estes eventos impactaram tão fortemente a vida, o cotidiano, que a Igreja Católica Romana, detentora do poder religioso sobre os reinos de Espanha e Portugal, obrigou-se a fazer um documento, denominado Tratado de Tordesilhas, determinando, designando, nos mapas conhecidos, quais espaços cada um dos países deveria ocupar ou descobrir.
Dessa forma, quando as outras nações deram por si, uma parte considerável do globo terrestre estava dominada por essas duas nações católicas.
Persistia o mundo então, já com outros continentes conhecidos, além do europeu, asiático, africano, vivenciando métodos de comunicação baseados nos primevos gritos, fumaça; os animais, notadamente cavalos; e o incorporado mais recentemente as classes da nobreza, clero e burguesia, imprensa.
Os séculos XVII e XVIII, foram pródigos na produção de itens que sacudiram as estruturas, impulsionando celeremente a propagação e diversificação do ainda parco espaço de colóquios.
A eletricidade, o motor a vapor, lâmpada elétrica, o cinema, telefone, radio, fotografia, automóvel, deslancharam novas e modernas práticas de difusão ao anseio inato do ser humano para reproduzir, replicar, multiplicar, seus atos e ações.
O surgimento do avião, no início do século XX, consolidou ao lado da televisão, criada na segunda década do ano de 1900, importante ciclo: estava o mundo definitivamente interligado.
Os conflitos de 1914 a 1918, e 1939 a 1945, as guerras mundiais, assim designadas por envolver vários países, em diversas partes do mundo, oportunizaram que os componentes já solidificados no ambiente doméstico de cada nação, fossem aperfeiçoados, dinamizados, para tarefas fora do usual das fronteiras nacionais, possibilitando entre estratégias e táticas, forte utilização bélica, iniciando no pós conflito, ao que se convencionou historicamente de guerra fria, digladio entre Estados Unidos da América (EUA), e União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS) – uma capitalista, outra comunista -, as vencedoras ao final do confronto, que teve seu apogeu na luta pelo domínio do espaço sideral, a corrida espacial – envio do homem a lua -, construção de bombas nucleares, confrontos por tabela em países e continentes, encerrando com a queda do muro de Berlim.
Esse cenário já bastante sofisticado, permaneceu, tendo desde a década de 1940 os computadores – grandes e pesados -, como catalisadores de todos os produtos já referidos, movimentando a economia, em sua estrutura, empoderando e estabelecendo bases de comunicação impensáveis no passado.
Quando no final da década de 80, a internet, concebida pelo pentágono norte americano em 1969, com objetivo de uso na espionagem, popularizou-se, estava definitivamente conflagrada realidade vivida: um mundo sem fronteiras e completamente sintonizado.
O contexto atual é caótico e paradisíaco. O que aparentemente parece contraditório, representa a mais pura verdade: podemos manter conversações intercontinentais, de maneira instantânea; participamos de conferências ao vivo, independentemente da distância entre falantes e ouvintes. Tal conjuntura consolidou-se dentro da crise pandêmica do covid 19, que ainda não vislumbramos fim.
Ao mesmo tempo em que a comunicação se acirra, acelera, a fome e a miséria, tornam-se cotidianas, com poucos tendo muito e muitos, bilhões, não tendo nada.
Ao crepúsculo da segunda década do século XXI, as tecnologias eclodidas nos últimos quatrocentos anos, que uma a uma causaram inimagináveis mudanças na ordem global, condensam-se num pequeno aparelho de menos de um palmo, e peso de mais ou menos cem gramas.
Com um simples toque, somos capazes de informar – ou desinformar -, centenas, milhares de pessoas em grupos de WhatsApp. O verbete inglês live, que quer dizer ao vivo em português, é a palavra mais ouvida e pronunciada nos tempos atuais.
Fotos, áudios, vídeos, circulam aos borbotões na web. Americanos e chineses, monitoram naves espaciais que exploram o território marciano e lunar.
O telescópio de ultima geração, confeccionado por um pool de países, James Webb, sucedâneo ao “velho” Hubble, será capaz de perscrutar o imenso, abissal universo, a procura de estrelas, buracos negros, planetas, vidas, dentro e fora da via láctea.
Será o apocalipse? Como estará a humanidade daqui a próximos 100 anos? Ainda existirá uma raça humana? Num olhar religioso, cristão, neotestamentário, com base no evangelho de Mateus 24 de 29 a 31, é o retorno de Jesus Cristo?
Estas e outras perguntas avolumam-se em nossas mentes, e juntamente com a fascinante tecnologia que fomos capazes de estabelecer como dominadores, cuidadores,” pero no mucho”, deste planeta, teimam em se fazer presentes.
A letra de uma musica: Minha pequena eva…
Parabéns pelo texto João Carlos. Acompanho sempre aqui eles e confesso que me sinto muito bem lendo estes teus artigos. Continue a nos deliciar brindar.
Uma aula de história! Uma narrativa da evolução da comunicação …
Parabéns e obrigada confrade João Carlos, nossa Confraria engrace com produções literárias como esta
Pena que o Artigo foi escrito “apenas” aos confrades, Imortais e Intelectuais de alto conhecimento da leitura.
Li e reli e nada, vezes nada consegui entender o que diz dizer o cansativo artigo de João.
Prometo que vou estudar mais um pouco e retomar a leitura….