Curso de História da UFMA encerra ‘Diálogos Baixadeiros’ com música, literatura e pesquisa

Música, literatura e pesquisa marcaram a última edição de “Diálogos Baixadeiros”, que ocorreu na última quinta-feira, 6, e reuniu alunos e egressos do curso do História da Universidade Federal do Maranhão, além de convidados entusiastas região da Baixada Maranhense. O projeto foi organizado pelo professor da universidade e doutor em História, Manoel de Jesus Barros Martins, natural da cidade de São João Batista.

Projeto foi realizado na UFMA

“Diálogos Baixadeiros”, que se iniciou como parte da disciplina “Baixada do Maranhão: Trajetórias e Perspectivas” e evoluiu para um Projeto de Extensão, tem o objetivo de promover aos estudantes do curso de História a possibilidade de conhecer a história da Baixada, suas vivências e percepções, por meio de obras de autores da região que não são conhecidos pelo público mais abrangente. Nesse sentido, em todas as edições, o evento contou com convidados especiais, autoras e autores oriundos da Baixada do Maranhão, que apresentaram temáticas regionais de suas escolhas e trocaram com o público presente diversos olhares, vivências e memórias sobre a região.

“Nós fazemos esta disciplina com muito engajamento porque a tese externa é de que a Baixada é um lugar pobre, mas estamos demonstrando que tem uma riqueza. A riqueza que a região oferece por meio dos seus filhos. Evidentemente, que não se está a negar que haja uma pobreza de longo curso. Isso é para a gente explicar por que existe, desde quando e o que se tem que fazer. Mas também apontar que tem lugares, que podem ser ilhas de prosperidade”, expressou Manoel de Jesus Barros Martins, docente responsável pela disciplina e organizador do evento.

Nessa última edição, além da série de “Leituras sobre a Baixada”, com alunos da disciplina apresentando obras de autores e autoras baixadeiros, o evento contou com as participações de Aziz Junior, Elizeu Cardoso e Josias Sobrinho.

Novo olhar

Carlos Eduardo Alves, discente da primeira turma da disciplina “Baixada do Maranhão: Trajetórias e Perspectivas”, e hoje egresso do curso de História, destaca a importância dos “Diálogos Baixadeiros” para uma nova perspectiva para essa região do Maranhão.

“Nos primeiros encontros foi um impacto tremendo. Eu não conhecia a Baixada, não sabia nem onde era, nunca viajei, nunca pensei em sair de São Luís. Foi praticamente uma viagem, a gente conheceu pessoas, baixadeiros mesmo, que têm grandes óbras literárias e essas pessoas produzem bastante, e a academia não conhece, praticamente, a gente nunca ouviu nem falar. Pessoas que já estão na sua terceira, quarta edição de livros, de contos, literatura, música. E a cadeira trouxe, não só pra mim, mas para todos os alunos, uma ideia nova sobre a Baixada, o que é a Baixada, o que ela produz. Na academia e nem na escola básica, a gente não sabia, não tem esse contato”, pontuou Carlos Eduardo.

Para Linaldo Maciel, discente do curso de História e da disciplina, essa foi uma oportunidade de conhecer uma região que está em suas raízes. “Eu nunca fui à Baixada Maranhense, apesar de ser filho de uma mulher que é de Cajari. Então, eu comecei a conhecer a cultura de lá, que eles tanto defendem. […] A minha visão da uma Baixada era muito baseada no Bumba Meu Boi, o sotaque da Baixada. Pra mim, era isso.  Eu comecei a conhecer melhor agora”.

A Baixada sob os holofotes

Ao longo dos anos, os “Diálogos Baixadeiros” foram e são fundamentais para dar visibilidade a uma região que esteve isolada por muito tempo. Elizeu Cardoso, como escritor, compositor e um dos convidados dessa edição, enfatizou que toda sua obra é inspirada na Baixada, ressaltando a importância cultural e identitária da região.

“É sempre muito bom quando a gente está junto, falar de onde a gente veio, porque acaba sendo um resgate do que a gente viveu e sentiu também. Eu, como escritor e compositor, toda a minha obra é baseada na Baixada, no litoral, na parte mais interior. E encontros como este, ‘Diálogos Baixadeiros’, é um projeto grandioso porque dá visibilidade a uma região tão importante para o nosso estado, como ela ficou muito isolada durante muito tempo, muito do que a gente é, da nossa identidade aqui, vem da Baixada. Tanto que aqui vai ser um link para um outro projeto, no dia 21, que é um grande show só com compositores da Baixada.

Do município de Penalva e um dos grandes nomes da Música Popular Maranhense (MPM), Josias Sobrinho, apresentou como a região da Baixada é representada no seu cancioneiro e enfatizou a importância de criar um espaço para debater questões culturais e musicais da região. Como artista maranhense e baixadeiro, ressaltou a relevância de conhecer melhor os municípios da Baixada e suas produções culturais.

“Eu sou admirador da proposta, tanto como baixadeiro e artista maranhense, preocupado com a questão cultural, com a produção da música, principalmente. Eu estive uma vez no encontro, essa não é minha estreia, porque sou realmente entusiasta da ideia. Eu acho muito importante a gente ter um espaço para debater essas questões relacionadas à Baixada e também para conhecer também o conjunto de municípios, a cultura de cada município e uma quantidade de trabalhos que tem publicado. Admirável, a gente não faz ideia. Então, o encontro tem um papel muito importante de tanto para a vida acadêmica quanto para a sociedade” declarou Josias.

Filho de Arari, Aziz Junior trouxe para o evento experiências e iniciativas que poderiam sanar os problemas ambientais recorrentes da região e destacou a importância de valorizar as contribuições da Baixada nas áreas de filosofia, literatura e música.

“A Baixada vem dando contribuições diversas para o estado, seja na área da filosofia, da literatura, da música. Então, eu acho que é um momento muito importante para que a gente possa entender e valorizar cada vez mais esse legado que a Baixada tem construído para o Estado do Maranhão. Em 2007, eu coordenei um projeto da Secretaria de Meio Ambiente, exatamente da construção de diques para a contenção da fuga das águas ao final do inverno. […] Eu acho importante a gente voltar a esse projeto, falar sobre ele, porque é um projeto que ainda pode ser feito e deve ser feito, até porque foi verificado que tem uma tragédia ambiental acontecendo e a forma de conter essa tragédia é executando o projeto”, salientou Aziz.

“Diálogos Baixadeiros” foi um trabalho coletivo e essencial para a criação de um entendimento mais profundo da Baixada e suas complexidades. Ascom/UFMA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *