O projeto Tranças no Mapa, que celebra e documenta o legado das trancistas negras no Distrito Federal e entorno e é liderado por uma jovem com raízes nas cidades da Baixada Maranhense, foi anunciado como uma das ações vencedoras do 37º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A iniciativa liderada por Layla Maryzandra, mestranda no Programa de Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (Mespt/CDS), mapeia as trancistas da região por meio de uma cartografia sociocultural pioneira. “O projeto destaca a importância do ofício de trançar como manifestação cultural, resgatando histórias e promovendo o direito à memória e à identidade”, explica Maryzandra em nota da Universidade de Brasília (UnB).
Além de mapear as trancistas, o projeto realiza diagnósticos socioculturais e territoriais, além de ações de educação patrimonial para fortalecer a valorização das tradições negras.
Raízes ancestrais e metodologia inovadora
O trabalho se conecta diretamente com a história pessoal de Maryzandra, que começou a trançar aos 17 anos. Durante a pesquisa, ela descobriu que sua linhagem de trançadeiras remonta à comunidade quilombola Damásio, localizado no município de Guimarães, mas também em cidades como Pinheiro e Santa Helena, no Litoral e Baixada Ocidental Maranhense. Essa conexão reforçou seu propósito de usar o mapeamento para resgatar histórias coletivas fragmentadas pela ausência de registros.
A pesquisa combina metodologias de cartografia social, mapeamento afetivo e participativo. A ferramenta de georreferenciamento Ushahidi, desenvolvida por uma queniana, permite agregar dados fornecidos pelas próprias trancistas. Essas informações são usadas para subsidiar a formulação de políticas públicas voltadas para a profissionalização e patrimonialização do ofício.
Reconhecimento e impacto
O prêmio do Iphan, que teve como tema “Visibilidade de Gênero na Economia do Patrimônio”, destacou o potencial do Tranças no Mapa para apoiar ações inclusivas e de preservação cultural. Cada iniciativa premiada recebeu R$ 30 mil, com o projeto de Maryzandra sendo celebrado pela sua estrutura metodológica robusta e relevância social.
“A pesquisa oferece subsídios para criar políticas públicas que promovam a inclusão e o reconhecimento das tradições negras, preenchendo uma lacuna histórica de dados sobre o ofício de trançar”, ressalta Maryzandra. Fonte: Site Alma Preta
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