Relatório feito em todo o Brasil aponta que cidade da Baixada lidera ranking da violência contra jovens negros no Maranhão

As cidades de Pinheiro, na Baixada Maranhense, e São Luís, a capital do estado, lideram os casos de violência contra crianças e adolescentes no Maranhão. É o que revela o novo boletim Pele Alvo: a bala não erra o negro, divulgado nesta quinta-feira (16) pela Rede Observatórios, em que analisa informações sobre a cor da letalidade gerada por ação policial.

Relatório mostra Pinheiro como o primeiro colocado em mortes de jovens

A cidade de Pinheiro, na Baixada Maranhense, divide com a capital o ranking de municípios com o maior registro de mortes: dez vítimas em cada. As 92 mortes se dividem por 39 cidades, boa parte delas concentrada na Grande São Luís. Outras cidades da região também são incluídas no relatório, como Turilândia, Pedro do Rosário, Igarapé do Meio, Presidente Sarney, Bequimão, Cururupu e Santa Helena.

De acordo com o relatório, a cada quatro horas uma pessoa negra foi morta, em 2022, pela polícia nos oito estados monitorados: Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo via Lei de Acesso à Informação (LAI). Os números reais podem ser ainda maiores, tanto pela subnotificação de casos como pelo não registro de dados sobre cor e raça, que ocorre principalmente em três estados: Maranhão, Ceará e Pará. Os maranhenses continuam a não incluir essas informações, como a Rede observa desde 2020. No Ceará, os registros foram feitos em apenas 30,26% do total. No Pará, em 33,75%.

O relatório aponta que ‘assim como no Ceará, o Maranhão se destaca pela ausência de informações quando o assunto são as mortes cometidas por policiais. Na verdade, o estado nem ao menos coleta esse dado, realidade que perdura desde a segunda edição deste relatório. O fato de não dar atenção a essa informação parece revelar uma dimensão ainda mais alarmante: uma possível agenda política racista, que se manifesta por trás da obscuridade intencional de não produção de dados’.

O observatório diz ainda que ‘ao não se registrar especificamente a raça ou a cor das mortes nas ações de agentes estatais, perdemos a possibilidade de compreender profundamente as desigualdades que marcam o perfil de quem é morto pela polícia. Apesar das tentativas de ocultação desse dado por parte da secretaria de segurança, as informações monitoradas nos meios de comunicação revelam que a letalidade policial no Maranhão também tem cor, idade e endereço específicos. A faixa etária dos mortos no estado repete o perfil visto anteriormente: jovens de 18 a 29 anos seguem como grande maioria entre os mortos.

Entre os oito estados monitorados, o Maranhão segue como o único que negligencia 100% das informações sobre raça e cor, causando grande prejuízo para a compreensão das desigualdades que marcam o perfil de quem é morto pela polícia. Ao todo, foram 92 vítimas da violência, em que os jovens de 18 a 29 anos novamente aparecem como grande maioria, representando 59,78% dos casos. A pesquisa pode ser vista na íntegra AQUI.

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