Trabalhadores da Baixada Maranhense relatam maus-tratos em viagem para canaviais do Mato Grosso; motorista teria sido preso

Mais uma situação de precariedade foi registrada com trabalhadores que saíram de cidades da Baixada Maranhense. Desta vez, 48 moradores de municípios como Vitória do Mearim, Arari, Cajari e Viana, passaram por momentos de desesperos em busca de trabalho no estado do Mato Grosso. Um motorista que comandava o transporte teria sido preso durante uma das confusões.

Trabalhadores ficaram diversos dias na beira de estradas

De acordo com um boletim de ocorrência, que o blog teve acesso, diversas pessoas do Maranhão pagaram R$ 400 reais para uma empresa de viagens que atua na região, conhecida como JP Turismo, com destino ao município de Vera, cidade do Mato Grosso. Os maranhenses trabalharão em colheitas de cana, milho, arroz e outros alimentos da região.

A viagem começou na terça-feira (11), passando por cidades como Vitória do Mearim e Santa Inês. A empresa teria prometido um ônibus de excelente qualidade, todavia, quando do embarque, o ônibus estava com o ar condicionado quebrado, poltronas quebradas, não possuía tomada para carregar aparelho celular, banheiro imundo, cheiro de óleo diesel, todo desalinhado e foi necessário virar os pneus após rodar apenas 60 quilômetros. Os trabalhadores contaram ainda que, na cidade de Estreito, o veículo quebrou.

Após isso, o guia e o motorista deixaram o veículo sem qualquer tipo de sinalização, com todos os passageiros às margens da rodovia, sem qualquer tipo de assistência até a manhã do dia seguinte. Já na quarta, os passageiros foram levados para um posto de combustível, onde firam sem qualquer tipo de assistência, tendo cada trabalhador custeado sua própria alimentação. De lá, os maranhenses foram em um micro-ônibus de volta ao ônibus inicial, que estava sendo consertado, e saíram de lá no dia seguinte, 13.

Já no estado do Tocantins, na altura da cidade de Alvorada, o veículo voltou a quebrar e todos eles ficaram às margens da rodovia estadual TO-373, e o ônibus foi guinchado. Novamente, os maranhenses ficaram sem água e os caminhoneiros que passavam pelo local, forneciam algum tipo de alimento para as crianças. Uma das menores passou mal devido ao calor. Os passageiros relataram ainda que foram para um pátio de um restaurante às margens da BR-153, ao lado do Hotel Guaporé, onde dormiam no chão, se alimentavam precariamente, já que a empresa pagou apenas almoço e janta para os passageiros, se negando a pagar a hospedagem.

Ônibus sendo rebocado

Ônibus apreendido

A situação continuou nos dias seguintes. A Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal foram acionadas. Enquanto isso, os maranhenses relataram que o proprietário da empresa bloqueou o contato de todos eles e que a empresa prometeu enviar um outro ônibus do Maranhão, para seguirem viagem. Todavia, segundo a empresa, este ônibus foi apreendido porque estaria com o para-brisa quebrado.

Os relatos seguem ainda afirmando que posteriormente os donos da empresa prometeram que iriam realocar os passageiros em outros ônibus, todavia, quando outras empresas se disponibilizavam a levar algum passageiro, era sempre para viajar em pé e que, por necessidade, alguns passageiros até se sujeitaram a seguir viagem nestas condições, todavia, aqueles que tinham família, com crianças pequenas, se viram obrigados a permanecer no pátio do restaurante, até que uma outra solução fosse dada.

Na noite deste sábado (15), após um delegado ter uma conversa com os representantes da empresa, é que a mesma teria concordado em pagar hotel para as mulheres e crianças, todavia, posteriormente, sequer isso chegou a cumprir. Na manhã deste domingo (16) a empresa devolveu apenas metade do valor das passagens, para que os passageiros por conta própria, conseguissem seguir viagem até seus destinos. E foi o que aconteceu, todos eles tiraram novamente dinheiro dos seus próprios bolsos e seguiram viagem rumo ao estado do Mato Grosso.

Prisões

O boletim de ocorrência não confirmou a informações, mas segundo os passageiros o motorista do veículo foi preso por racismo. Ele teria chamado os passageiros de ‘cabritinhos’. Um vídeo encaminhado ao blog mostra a situação de precariedade dos maranhenses que decidiram sair de suas casas para tentar a vida em outros estados.

Outro lado

O blog tentou conversar, antes da publicação desta matéria, com os donos da empresa de turismo. No entanto, as ligações foram encaminhadas para Caixa Postal e as mensagens pelo WhatsApp ainda não foram retornadas.

2 respostas para “Trabalhadores da Baixada Maranhense relatam maus-tratos em viagem para canaviais do Mato Grosso; motorista teria sido preso”

  1. Uai tão viajando porq?cadê o auxílio?papai uma não ia melhorar a vida de todos?uai ele não cumpriu a promessa?oh gente tadinho do povo acreditou dmais em ovo no c…da galinha. Gente repousa fez trato com galinha kkkm

  2. Tem empresas que tem responsabilidade social e elas mesmas colocam o ônibus sem precisar que nenhum passageiro pague pela passagem. Tenho um amigo que já viajou duas vezes e até em hotel ficou hospedado.
    Já tem outras que contratam uma empresa, que sub-contrata outra caindo aos pedaços pra ganhar mais em cima de quem tá precisando.
    São as que não estão nem aí pra vidas das pessoas.
    Mas esses pilantras fazem isso por saberem que nossas leis existem muitas brechas que favorecem quem anda errado.

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