Superando as barreiras do preconceito, a quilombola e atleta trans Ytally Martins, de 20 anos, está conquistando os campos de futebol do país. Natural do povoado quilombola Damásio, no município de Guimarães, na Baixada Maranhense, a jovem se apaixonou pelo futebol ainda na infância, quando participou dos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s) em 2014. Ytally conta que, para ela, o esporte é sinônimo de superação.
“Para mim, falar sobre futebol é falar sobre trajetória de vida e superação. É uma paixão muito grande. Me dedico para quebrar essa barreira a cada dia mais”, disse a jovem ao g1. A atleta se assumiu trans aos 16 anos de idade e, desde então, teve que encarar os “olhares tortos” de pessoas que achavam que a mudança de gênero era “coisa de outro mundo”.
Apesar disso, Ytally afirma que nunca sofreu discriminação nos times de futebol que já fez parte. Mesmo assim, ela destaca que ainda há muito preconceito no ramo. “Eu sempre joguei em clubes héteros e todos eles sempre me trataram super bem. Sempre recebi muito apoio e acolhimento. Mas ainda há muito preconceito nesse ramo. O preconceito visa no seguinte: ‘ah ela é trans e está aí no meio dos homens?’. São pessoas sem coração”, afirmou.
Carreira decolando
Em setembro de 2022, a atleta viajou para Belo Horizonte, em Minas Gerais, para participar do campeonato mineiro LGBTQI. Ela foi artilheira na disputa e levou a medalha de bronze para casa. Já no campeonato nacional de futebol LGBT (Ligay), realizado em novembro na cidade de São Paulo, Ytally recebeu o patrocínio de grandes marcas e foi considerada um dos destaques da competição, sendo eleita várias vezes a “Melhor da Partida”.
Além disso, a atleta conta que participou, somente em 2021, de campeonatos no Rio Grande do Sul, Paraná, Pará e Argentina. Agora, Ytally pretende se mudar para Belo Horizonte para jogar a temporada de 2023. “Irei iniciar a temporada de 2023 pelo Felinos. Pretendo representar bem o Maranhão, Guimarães e principalmente o meu quilombo Damásio”, declarou. G1