Índios de Viana participam do I Encontro Cultural e Ancestral do Povo Gamela, no Piauí

Nos dias 18, 19 e 20 de novembro, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) promoveu o I Encontro Cultural e Ancestral do Povo Gamela, em parceria com a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE). A programação será voltada ao povo Akroá Gamela de Laranjeiras, em Currais (PI), e contou com a participação de vários indígenas de Viana, da Baixada Maranhense.

Encontro aconteceu no Piauí

O evento reuniu mais de 200 indígenas Gamela do Piauí e Maranhão que lutam pela demarcação da terra junto à FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Também participaram do encontro entidades indígenas e indigenistas como o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), APOINME (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e representantes do Observatório Matopiba. O Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) também foram convidados.

A programação começou com uma audiência pública na Câmara Municipal de Currais-PI. A audiência, por solicitação da Associação Indígena Gamella da TI Laranjeira, discutiu a presença do Povo Gamella no Piauí, as violências que eles estão vivendo frente a presença do agronegócio e as lutas de enfrentamento e resistência das comunidades em diferentes municípios do estado. Na ocasião, a audiência contou com a presença de vereadores, representantes dos indígenas Akroá Gamella, Tabajara, Tucano, do Cimi, da Funai, da OAB, entre outros participantes.

No segundo dia de encontro, pela manhã, os participantes revisitaram a memória coletiva, por meio do desenho do Rio Uruçuí Preto, região onde vivia o povo Akroá Gamella; além das histórias de expulsão, de violência, de silenciamento e de dispersão. Os relatos das comunidades do povo Akroá Gamella, que ainda vivem ao longo desse rio; e os que vivem no Maranhão, se reconectaram neste I Encontro do Povo Akroá Gamella.

Na parte da tarde, os diálogos trataram sobre a demarcação ou regularização do território do povo Akroá Gamella. Uma discussão sobre o procedimento de demarcação empreendido pelo governo do Piauí e a política de regularização fundiária, realizada pela Funai. Um dia inteiro de relatos de histórias de luta, resistência e reencontros.

O I Encontro do povo Akroá Gamella do Piauí e Maranhão foi finalizado, neste domingo (20), com encaminhamentos. Na ocasião, o povo Akroá Gamella do Maranhão partilhou seus aprendizados na corrida de flecha, instrumentos como as cuias, além dos nomes na língua materna e outros saberes. Ao final, os participantes teceram uma organização entre o povo dos dois estados para seguir lutando pela regularização do território e para o fortalecimento cultural.

O projeto

O Projeto de Extensão Universidade Popular vem acompanhando o território indígena dos Gamela desde 2018, contribuindo com sua organização, autonomia e com a luta contra o avanço do agronegócio e a grilagem de sua terra naquela região. Para o fortalecimento de ações como essa, segundo a Profa. Socorro Arantes, é fundamental o papel educador da Universidade junto aos povos indígenas. “A extensão popular retoma o sentido de extensão descolonial, participativa e libertadora, que atualiza sua prática educativa junto aos oprimidos”, disse.

Além da promoção do Encontro, a UFPI tem colaborado com a luta pela garantia dos direitos de povos indígenas no Estado de outras formas. Recentemente a Universidade contribuiu com a aprovação de um projeto de apoio ao povo Gamela junto à CESE, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil), destinados ao fortalecimento institucional da Associação Indígena do Povo Akroá Gamela. A aprovação se deu por meio do Projeto de Extensão do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Ciência Descolonial, Epistemologia e Sociedade (NEPEECDES).

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