REGINA, um legado inesquecível
“Lembrar é fácil pra quem tem memória, esquecer é difícil pra quem tem coração”, William Shakespeare
João Carlos da Silva Costa Leite – A precoce partida de Regina traz abissal vazio na vida da comunidade de Matinha. Deus em sua insofismável sabedoria e poder é logicamente Soberano, porém a dor da ausência dessa amiga e irmã está doendo, e doendo muito. Maria Regina Silva Duarte, professora Regina, Regina de Zé Bonifácio, Regina de Duarte, Regina, Reja, os diversos nomes que nós a chamávamos, não conseguem traduzir a dimensão desse ser humano fascinantemente ímpar.
Formosa, inteligente, meiga, altiva, solidária, mãe, irmã, esposa, racional, mística, amiga, companheira, Deus a dotou de incontáveis virtudes, representadas em adjetivos, substantivos, advérbios, conceitos, fundamentos, vinculados a educação, certamente numa alusão a profissão que resolveu assumir como sacerdócio, o magistério.
Sem abrir mão do lado teórico, a professora Regina nos ensinava par e passo, diuturnamente, a colocar na prática as pessoas, independentemente de cor, raça, idade, sexo, religião, poder aquisitivo, o seu sentimento de alteridade, conjugada com intenso, verdadeiro, amor cristão. Tivemos o privilégio de sermos seus amigos durante mais de 30 anos, uma amizade sincera, nutrida por carinho e respeito de ambas as partes.
Desde o dia em que ela e Antônia foram apresentadas, no ano de 1988, passando pelo nosso casamento, onde juntamente com o seu esposo compareceu; indo pela nossa mudança em definitivo para morar em Matinha, deixando Arari; na conversão destes e entrada na igreja Batista, nossas vidas foram conduzidas por Deus a estarem ligadas, em que pese sermos duas famílias com relações sociais e políticas diferentes.
Muitos foram os eventos, momentos, que compartilhamos : cultos, em templos e ao ar livre, encontros dos Gideões, retiros religiosos durante o carnaval, pescarias de piaba, campanhas políticas, reuniões de escola, etc.. Inesquecíveis as viagens que fazíamos a Boa Fé, na velha pampa de Duarte, para passarmos o dia na casa de dona Mariinha, sua genitora. Assim como as conversas e experiências que nossa próxima relação permitiam, bate papos sobre música, leituras, temas sérios, lúdicos, enfim, de tudo um pouco. Havia um misto de instrução e aprendizado mútuo, constante, regado sempre com o bom humor que a caracterizava.
Quando Antonia mudou-se pra São Luís, era ela quem a visitava amiúde, todas as vezes que vinha pra cá. Incontáveis as saídas para fazer caminhada na Litorânea. Era a simbiose plena e diferenciada, de uma amizade cevada na base do carinho. Regina, era nossa confidente e vice-versa, uma cumplicidade comovente. Quantas vezes choramos, sorrimos, socializando problemas e procurando soluções.
Em 2012, deixei Matinha, vindo me juntar a família em São Luís. Resolvemos promover encontros entre matinhenses, reuniões no intuito de manter a centelha do amor por nossa terra, de quem agora estava distante. Foram efetuados vários eventos. Nossa amiga e Duarte, embora residindo em Matinha, eram assíduos participantes. Deslocavam -se só para estarem conosco, independentemente do dia ou horário.
Cultivava com maestria o espirito solidário, um anjo da guarda real, de carne, osso e bondade. Todas as vezes que nossa família precisava, ela prestimosa, se punha ao nosso lado. Assim foi quando ficávamos aflitos, doentes; nos momentos fúnebres de papai, Tchem, mamãe. Quando seu Thiago, meu sogro faleceu, Regina e Duarte foram pra Arari, nos levar uma palavra de consolo e refrigério.
As lembranças se avolumam, e deixam escorrer lagrimas. Não só meus olhos choram, o coração e alma também pranteiam de saudade, ao sabor das belas, gostosas e pungentes recordações. Como esquecer o movimento que fizemos, para arrecadar ajuda financeira visando o tratamento do câncer que acometia seu cunhado Genial.? Foi dela a ideia da criação do grupo de WhatsApp “ Amigos de Genial “. Desdobrou-se como uma guerreira, para que a feijoada que organizamos fosse exitosa, e conseguiu.
Está marcado dolorosamente em mim, o dia em que ela reuniu algumas pessoas, muito achegadas, para comunicar o início da doença. Não dar pra ficar impassível a essa memória. Depois disso, não pude mais vê -la pessoalmente. Não tenho o Dom, que nossa amiga possuía de modo divino, de visitar na dor.
Como Cristão Calvinista, creio na soberania plena de Deus, tenho certeza, foi da vontade dEle, tê-la tomado pra Si, afinal Regina foi, e sempre será, uma serva leal Sua, .cumprindo fielmente o que escreveu o apostolo Paulo na epistola de segunda Timoteo cap. 4, vers. 7, “ Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a Fé”.
A vejo ao lado do Pai Eterno, no Reino da Glória, espalhando copiosa e garbosamente todos os atributos que possuía neste mundo. moContudo, na minha fraqueza de humano, um reles pecador, sua ausência física causa imenso, incontido sofrimento.
Teu legado de amor, querida amiga, ficará eternamente nas nossas vidas.
Bela e merecida homenagem.
Belíssimo texto. A professora Regina era tudo isso e mais um pouco. Deixa muita saudade.
Bela expressão de carinho a uma mulher interessante!
Eu nem sabia da íntima ligação de vcs, João Carlos. Obrigada por compartilhar!
Regina será sempre uma lembrança alegre para mim.
Regina foi tudo isso e muito mais. Ida precoce, porém, presença intensa.
Sorte de quem pode sorrir com ela e aprender com ela.
A saudade dói bastante, mas saber que ela está nos braços do Pai, acalienta o coração!