Artigo de João Carlos: De Alpha a Ômega: uma síntese. É o fim da aventura humana na terra?

Não há consenso entre os cientistas na definição de quando, como, onde e de que modo  o ser humano despertou a vontade de  comunicar-se entre si. A resposta a essa importante pergunta  perdeu-se nas névoas do tempo. 

Artigo de João Carlos

 Sabe – se   que os primeiros hominídeos  utilizavam tal qual nós hoje, os cinco sentidos, que sob o comando  do cérebro, compartilhavam informes  aos   seres convencionados,  detentores  de razão. 

A história  ensina   que  fumaça,   rufar de tambores, foram talvez as formas mais antigas  depois da voz, para que houvesse  diálogo. Isso quando ainda habitávamos   cavernas.  

O uso de pinturas rupestres nos interiores destas moradias,  representaram uma segunda leva evolutiva. O  homem do paleolítico expressava   medos,  vitórias,  religiosidade, dando contornos estéticos ao seu cotidiano. 

A seguir surgem os  sinais gráficos, supostamente através dos riscos das lanças dos caçadores, reverenciando  suas conquistas. 

A escrita emerge  da consolidação dessas imagens, formatando aquilo que convencionou -se chamar  de  silabas, historiadores dão credito ao povo sumério por esta façanha. Os caracteres mais antigos  foram a  escrita cuneiforme. 

A interação  entre  falantes  da  terra, considerados  dotados de razão, sempre foi desde o início heterogênea, descontinua, discrepante,  e   assim permanecerá ad infinitum 

Tal  diversidade  faz-se presente não só nos degraus relativos  ao conceito   social, racial,  financeiro, estrutural,  como  também  em  fundamentos  destes elementos na expansão, consolidação,  decadência, e até extinção de civilizações.  

Destarte, enquanto fenícios fabricavam barcos capazes de singrar oceanos e mares revoltos, povos em outras localidades, mal conseguiam confeccionar pequenas e instáveis embarcações. Ao mesmo tempo em que gregos e romanos refastelavam-se com  lautos e refinados  banquetes,  na América e Oceania ainda  se praticava a antropofagia. 

 Pelas   águas,  salgada ou doce,     começou  a primeira disseminação da comunicação no planeta, um precedente àquilo que posteriormente  veio a ser chamado     globalização. 

Durante milênios a memória civilizatória geracional, foi guardada e transferida de modo oral. Inúmeros livros, notadamente os de teor religioso, estão vivos entre nós devido a tradição  baseada nesse contexto  das sociedades. 

A aparição dos escribas, simbolizou intenso avanço no  acúmulo do armazenamento e conservação do  conhecimento. Devido a isto,  em algumas culturas antigas  tais  profissionais eram extremamente valorizados. Talvez essa  seja  a semente da famosa frase: “ quem tem a informação tem o poder” .Exemplos da influência dos  escribas podem ser vistas em  civilizações egípcias, israelitas, romanas, gregas etc.  

Grandes obras confeccionadas  a mão em materiais os mais diversos possíveis, emergiram dessa fase da história. Alguns povos, como  os hebreus, separavam parcelas importantes da comunidade, para cuidar e conservar seus acervos. 

 A Torah, o correspondente judaico ao pentateuco,  os cinco primeiros livros do   Velho Testamento cristão, é um exemplo. Conta a tradição que foi redigida  por Moisés, com conteúdos  repassados de pai pra filho durante   milênios.  

Quando no século XV,  Johann Gutenberg inventou a imprensa,  a parte mais predadora de humanos, localizada na Europa Feudal e dita  civilizada, entrava  numa era de intensa atividade, objetivando a propagação de seus espaços ocupação, uma vez que o velho continente estava devastado e superpovoado. 

Não foi à toa que nações com tecnologia náutica de ponta, fixaram em suas propostas de expansão a busca  ensandecida por novas terras, atravessando bravios mares, oceanos,  chegando a rincões inimagináveis e desconhecidos  até então. 

 Obviamente que essa motivação  não poderia ser mostrada claramente, por inúmeros motivos.  A  solução   foi forjar a ideia de  a que tais viagens eram para chegar as Índias e adquirir  especiarias, muito apreciadas no ocidente. 

Estes eventos impactaram  tão fortemente a vida, o cotidiano, que a Igreja Católica Romana, detentora do poder religioso sobre os  reinos de Espanha e Portugal, obrigou-se a fazer um  documento, denominado  Tratado de Tordesilhas, determinando, designando, nos mapas  conhecidos, quais espaços cada um dos países deveria ocupar ou descobrir. 

Dessa forma, quando as outras nações deram por si, uma parte considerável do globo terrestre estava dominada por essas duas nações católicas. 

Persistia o mundo então, já com outros  continentes conhecidos, além do europeu, asiático, africano, vivenciando métodos de comunicação baseados nos primevos gritos, fumaça; os animais, notadamente cavalos; e o  incorporado mais recentemente  as classes da nobreza, clero e burguesia, imprensa.  

Os séculos XVII e XVIII, foram pródigos na produção de itens  que sacudiram as estruturas, impulsionando   celeremente  a  propagação e diversificação do ainda  parco espaço de colóquios. 

A  eletricidade, o motor a vapor,    lâmpada elétrica, o cinema, telefone, radio,  fotografia,  automóvel,   deslancharam  novas e modernas práticas de difusão ao anseio inato do ser humano para  reproduzir, replicar, multiplicar,  seus atos e  ações. 

O surgimento  do avião, no  início do século XX, consolidou ao lado da televisão, criada  na segunda década do ano de 1900, importante ciclo:  estava  o mundo  definitivamente interligado. 

Os  conflitos de 1914 a 1918, e 1939 a 1945, as   guerras mundiais, assim designadas  por envolver vários países, em diversas partes do mundo, oportunizaram que os componentes já solidificados no  ambiente doméstico de cada nação, fossem aperfeiçoados, dinamizados,  para tarefas fora do usual  das fronteiras nacionais, possibilitando entre estratégias e táticas, forte  utilização bélica,  iniciando  no pós conflito, ao que se convencionou historicamente  de guerra fria,  digladio  entre Estados Unidos da América (EUA), e União das Republicas Socialistas  Soviéticas (URSS) – uma capitalista, outra comunista -, as vencedoras ao final do confronto, que teve seu apogeu na luta  pelo domínio do espaço sideral, a corrida espacial – envio do homem a lua -, construção de bombas nucleares, confrontos por tabela em países e continentes, encerrando   com a queda do muro de Berlim. 

Esse cenário já bastante sofisticado, permaneceu,  tendo desde a década de 1940 os computadores – grandes e pesados -, como catalisadores de todos os produtos já referidos,  movimentando a economia, em   sua estrutura, empoderando  e estabelecendo bases de comunicação impensáveis no passado. 

Quando no final da década de 80, a internet, concebida  pelo pentágono norte americano em 1969, com objetivo de uso na espionagem, popularizou-se, estava definitivamente conflagrada realidade  vivida: um mundo sem fronteiras e completamente sintonizado. 

O contexto atual é caótico e paradisíaco. O que aparentemente  parece contraditório, representa a mais pura verdade:  podemos manter conversações intercontinentais, de maneira instantânea; participamos de conferências ao vivo, independentemente  da distância entre  falantes e ouvintes. Tal conjuntura consolidou-se  dentro da crise pandêmica do covid 19, que ainda não vislumbramos fim.  

Ao mesmo tempo em que  a comunicação se acirra, acelera,  a fome e a miséria, tornam-se cotidianas, com poucos tendo muito e muitos, bilhões,  não tendo nada. 

Ao  crepúsculo  da segunda década do século XXI, as tecnologias eclodidas  nos últimos quatrocentos anos, que uma a uma causaram inimagináveis  mudanças na ordem global, condensam-se num pequeno aparelho  de menos de um palmo, e peso de mais ou menos cem gramas. 

Com um simples toque, somos capazes de informar – ou desinformar -, centenas, milhares  de pessoas em grupos de WhatsApp. O verbete  inglês live, que quer dizer ao vivo em português, é  a palavra mais  ouvida e pronunciada nos tempos atuais. 

Fotos, áudios, vídeos, circulam aos borbotões  na web. Americanos e chineses, monitoram naves espaciais que exploram o território marciano e lunar. 

O telescópio  de ultima geração, confeccionado por um pool de países, James Webb,  sucedâneo  ao “velho” Hubble, será capaz de perscrutar o imenso, abissal  universo, a procura de estrelas, buracos negros,   planetas,  vidas, dentro e fora da via láctea. 

Será  o apocalipse? Como estará a humanidade daqui a próximos 100 anos? Ainda existirá uma raça humana? Num olhar religioso,  cristão, neotestamentário, com base no evangelho de Mateus 24 de 29 a 31, é   o retorno de Jesus Cristo?  

Estas e outras perguntas avolumam-se em nossas mentes, e juntamente com a fascinante tecnologia que fomos capazes de  estabelecer como dominadores, cuidadores,” pero no mucho”,  deste planeta,  teimam em se fazer presentes. 

 

4 respostas para “Artigo de João Carlos: De Alpha a Ômega: uma síntese. É o fim da aventura humana na terra?”

  1. Parabéns pelo texto João Carlos. Acompanho sempre aqui eles e confesso que me sinto muito bem lendo estes teus artigos. Continue a nos deliciar brindar.

  2. Uma aula de história! Uma narrativa da evolução da comunicação …
    Parabéns e obrigada confrade João Carlos, nossa Confraria engrace com produções literárias como esta

  3. Pena que o Artigo foi escrito “apenas” aos confrades, Imortais e Intelectuais de alto conhecimento da leitura.
    Li e reli e nada, vezes nada consegui entender o que diz dizer o cansativo artigo de João.

    Prometo que vou estudar mais um pouco e retomar a leitura….

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