Artigo de João Carlos: César Brito, um homem apaixonado…

Texto que prefacia o livro MINHA TERRA, MINHA ORIGEM, do escritor e presidente da AMCAL – Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras, César Brito.

João Carlos da Silva Costa Leite *

César Brito é um apaixonado. Este axioma cristaliza-se em tudo que ele faz ou representa. Nutre paixão pela engenharia, família, trabalho, natureza, artes e cultura. Em todos estes prolegômenos, o primeiro motor é esse substantivo feminino, denominado paixão, verbete a qual o dicionário Aurélio denomina: “sentimento intenso, que possui a capacidade de alterar o comportamento, o pensamento, etc”.

Livro será lançado por César Brito, em Matinha

É exatamente isso a mover os pressupostos básicos da vida deste autor. Nesta batalha gloriosa, conseguiu transformar algo que para pessoas normais seria uma mera utopia, em um princípio consistente, real, concreto, como só os artistas são capazes de fazer. E nesse ritmo, diapasão, baseou, traçou seu modelo, sua rota de vitórias.
Adepto, mas não só adepto, César Brito é um mecenas das artes em todos os seus parâmetros e nuances. Poeta de mão cheia, este engenheiro eletroeletrônico de profissão, ambientalista/preservacionista, por convicção; pescador amador, empresário da construção civil, imortal da Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras, (AMCAL) dentre tantas e diferentes atividades que pratica, mostra a sua inigualável capacidade e eficiência de realiza-las com pleno sucesso.

Seu livro Minha terra, minha origem, é só mais uma constatação do que foi dito acima, nosso poeta –presidente – imortal, usa e abusa dos inúmeros dons que recebeu de Deus, proporcionando um exemplar literário que certamente agradará a todos os públicos. Metódico, organizado e demonstrando imensa sensibilidade, este vate moderno, expressa folego, fluência e verve histórico – cronológica no seu primeiro trabalho publicado. Sua obra é mais que um livro de poemas, onde o coração, a ternura, a alma, são desnudados e transformados numa belíssima ode; vai além, transcendendo esse aspecto e enveredando por outros universos da literatura, tornando-o um formidável caleidoscópio sociológico-filosófico, reafirmando memórias que urgem serem conhecidas e principalmente, preservadas, notadamente no que se refere aos aspectos naturais da nossa terra.

O livro, como dito anteriormente, é um verdadeiro compendio, uma síntese, da vida deste cidadão, nascido em Viana, que passou a infância em Bacabal, mas por uma determinação do destino, veio morar em Matinha, podendo naquele torrão por ele amado e onde nasceram seus pais, pôr em prática tudo aquilo que acredita e preserva.
Inicia-se com uma retrospectiva genealógica das famílias de seus pais, trazendo utilíssimas informações, contextualizadas da exuberante história do povo matinhense, infelizmente tão carente de referências e notas.
O exórdio é direcionado em uma composição onde o nosso cronista-poeta expressa sua opinião, sobre diversos assuntos, enveredando logo após, num pungente comentário sobre seu avô Antonio Pedro Brito, personagem importante na história da fundação de Matinha, a quem carinhosamente os netos epitetavam de papai Pedro.

Tal qual Luís de Camões ,que na sua mais famosa obra, Os Lusíadas, assevera no início, na primeira frase, qual o seria o tom, o desenlace do que viria após, equiparando os feitos da navegação portuguesa, às épicas façanhas dos heróis gregos e latinos; nosso poeta presidente, apresenta no poema a sombra de um lago, num modo sucinto e emocionado, a felicidade de ter vivido na infância, quando ali ficava passando férias, as margens do lago Aquiri, o seu fraterno contato com a natureza, sob os auspícios dos avós maternos; experiência que iria acompanhá-lo durante toda a vida, pavimentando decisões, padrões de comportamento, e atitudes, como por exemplo sua mentalidade conservacionista e o incontido amor por essas plagas.

Em prosseguimento, o texto seguinte denominado Extremos de nossa terra Matinha/Viana, revela uma outra face desse vianense – matinhense, cujo ecletismo é flagrante, e desenvolve-se, escancara-se, desnuda-se, como meticuloso pesquisador, a partir da transcrição da Lei 267 de 31 de dezembro de 1948, trazendo a tona os verdadeiros marcos divisórios do Lago Aquiri. No mesmo sentido e em complementação ao texto anterior, só que desta vez extravasando em tons poéticos, Extremos de nossa terra – limites de Matinha com o município de Viana, é uma maravilhosa e sedutora leitura, com a possibilidade de gravar as fronteiras, destes dois municípios irmãos siameses, de histórias marcadas pelas lutas conjuntas, no modelo e método de versos que o poeta ecológico traz.
Matinha terra encantada, é mais um gostoso roteiro, em que nosso poeta – cronista, discorre na forma de trovas, seu profundo conhecimento dos povoados, sítios e áreas toponímicas de Matinha.

Parabéns Matinha querida; Lago Aquri, natureza matinhense; Ponta Grossa, que beleza de lugar; Encantos de Matinha; De Matinha a Cajari; Navegando na invernada; Manto dourado; Todo matinhense tem saudade; Encanto de menina; Pensativo a observar; Quem sabe, um dia, Matinha…tratam como já foi dito, sempre com beleza inaudita, a desmesurada paixão desse poeta antenado e sensível. O livro é encerrado com duas sublimes homenagens: A casualidade de uma amizade e Homenagem a padre Guido Palmas, cânticos laudatórios a dois confrades da AMCAL, Arquimedes Araújo e Padre Guido Palmas, históricos personagens da variada e intensa plêiade intelectual que o nosso município se orgulha em ter.

Enfim, esta apresentação é apenas um aperitivo, um indicativo, ao belo trabalho inicial do poeta César Brito, serve para instigar nossa vontade de apreciar de modo holístico e aprofundado esta obra, que tenho certeza será seguida de muitas outras, para o deleite de todos e a justa consolidação do nosso poeta presidente, na galeria dos grandes nomes da literatura maranhense.

João Carlos da Silva Costa Leite é Cronista e Escritor, natural de Matinha – MA. Bancário aposentado, casado, presbítero em disponibilidade da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB). Membro do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM). Membro fundador da Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras (AMCAL), ocupando a cadeira de número 17, cuja patronesse é sua mãe, Maria Jose da Silva Costa Leite. Graduando em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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