Artigo de Zilda Cantanhede: A escola, útero e o ovo

Zilda, Carlos Brandão e Linielda de Eldo

Pode parecer um tanto quanto impactante e poderíamos nos perguntar: Qual a relação semântica entre estes três substantivos, escola, útero e ovo? As palavras, as coisas, o mundo, tudo é aquilo que é se fizermos apenas uma leitura superficial, todavia se formos mais detalhistas, observadores, inquietos, ousados, pesquisadores, podemos nos surpreender com os resultados depois de análises criteriosas, percebendo a simplicidade e ou a facilidade do até então desconhecido, tal como o Ovo de Colombo “(uma famosa metáfora proverbial do folclore italiano) para referir-se a soluções muito difíceis de se chegar, mas que quando reveladas mostram-se, paradoxalmente, óbvias e simples)” https://pt.wikipedia.org/wiki.

A escola é um espaço de conhecimento, de construção e em construção, de compartilhamentos de saberes e experiências. Onde cabem muitas emoções. É também um espaço, cuja vivência e convivência são plurisignicativas. É na escola que somos moldados, lapidados. É lá que provocamos e somos provocados a ver o mundo com outros olhos, a alçar voos, subir degraus; a sair da superfície, da caverna, assim corrobora Platão em O Mito da Caverna, na obra A República, onde um dos prisioneiros liberta-se e passa a enxergar a luz e tem sua vida transformada.
Cabe ao professor ser o facilitador no processo do estudar, ensinar, aprender… É nesta relação cíclica e inacabada que acontece a aprendizagem.

O protagonismo estudantil acontece quando o sujeito do processo educativo é estimulado a construir seu próprio conhecimento, a “parir” ideias, por meio do método conhecido como “ maiêutica, criada por Sócrates no século IV a.C., tem seu nome inspirado na profissão de sua mãe, que era parteira. Uma técnica de ensino direcionada, dialogada que permite a autorreflexão das fragilidades e potencialidades de crescimentos. Na escola aprendemos com gente a ser gente; aprendemos e ensinamos tantas coisas… Não chegamos prontos, não saímos prontos. Somos projetados para a vida.

O útero é também um espaço. Um espaço de crescimento, de desenvolvimento. O mais privilegiado lugar de aconchego, de ligação entre mãe e filho. Não há amor maior que o amor de uma mãe pelo filho. Os nove meses de gestação é um tempo muito especial e necessário para a afetividade, para o estreitamento dos laços. Um elo inquebrável. No entanto, e apesar de tanto conforto, eis que chega o tempo de emergir, conhecer o sol, mesmo com as dores, com o corte. E quanto ao ovo o quê dizer? É uma das mais belas obras de arte do Criador, com sua singela forma, bem acabada, esculpida com maestria e perfeição. Recentemente o Cirque de Soleil trouxe ao Brasil o Espetáculo “Ovo” sob a direção da brasileira Débora Colker, um espetáculo colorido, com muitas emoções e conhecimento.

Os escritores João Cabral de Melo Neto e Luís Fernando Veríssimo utilizaram o ovo como tema de alguns de seus muitos textos, este, escreveu em duas crônicas: A Crônica e o Ovo e A Crônica do Ovo, em ambas ele descreve o ovo de forma irreverente e metafórica, àquele, escreveu o poema “ O ovo de Galinha, “… o ovo, e apesar de pura forma concluída, não se situa no final: está no ponto de partida.” Clarice Lispector também escreveu um conto denominado O Ovo e a Galinha, tão introspectiva quanto autora é o texto, cujas interpretações são múltiplas e subjetivas, pode – se dizer que o ovo é a existência… ” O ovo é coisa que precisa tomar cuidado. Por isso a galinha é o disfarce do ovo. Para que o ovo atrevesse os tempos a galinha existe. Mãe é para isso. O ovo vive foragido por estar sempre adiantado demais para a sua época. O ovo por enquanto, será sempre revolucionário.” ´

De acordo com linguista e filósofo suíço Ferdinand de Saussure, o signo linguístico constitui-se numa combinação de significante e significado. Percebemos que os signos escola, útero e ovo, embora seus significantes sejam diferentes, podemos encontrar muitas semelhanças em seus significados, que podem ser de acordo com o contexto de cada individuo. Hoje dia 10.05.2019 em Matinha MA inaugura-se a Escola Municipal Dr. José Conceição Amaral, (uma merecida homenagem para quem muito contribuiu com a educação deste município). Sem dúvidas, é dia de festa! O Estabelecimento de Ensino entregue aos estudantes é um espaço de aprendizagens; um ponto de chegada, mas sobretudo, um ponto de partida. Desejo uma boa viagem ao mundo extraordinário do conhecimento. Ah! E não esqueçam de ver tudo com alegria enquanto viajam.

Zilda Cantanhende

Acadêmica, membro fundadora e Secretária da Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras – AMCAL; Especialista em Língua Portuguesa e Linguística, Educação do Campo, Educação Pobreza e Desigualdade Social; Graduada em Letras e Filosofia; Professora da Rede Estadual de Ensino, Secretária Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação de Matinha MA.

Uma resposta para “Artigo de Zilda Cantanhede: A escola, útero e o ovo”

  1. Li com muita satisfação o artigo da acadêmica Zilda Cantanhede uma reflexão sobre a nobre missão dos Professores uma verdadeira obra de arte parabéns e continur sua função de difundir a nossa Cultura Dr Manoel Santana Câmara Alves juiz aposentado membro da Academia Matinhense de Letras

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