SÃO JOÃO BATISTA RELEMBRA MOMENTOS DE ANGÚSTIA E SOFRIMENTO EM FERIADO

Porto da Raposa

O município de São João Batista relembra, hoje dia 27 de outubro, um dos momentos que marcou a história. Hoje relembramos o naufrágio da Lancha “Proteção de São José”, na Baia de São Marcos, Litoral Maranhense. Por isso é feriado municipal. Reproduzimos a matéria do blogueiro Joel Lima Oliveira, que entrevistou um dos sobreviventes e fala sobre este momento de alguns joaninos.


“Um dos sobreviventes, Pedinho Duarte, mais conhecido como Pepé conta como foi o naufrágio. Pedinho Duarte ficou bastante emocionado ao relembrar momentos de angústias e sofrimentos pelos quais passou, já que sua esposa, Marinethe Duarte e sua filha, que tinha apenas 45 dias de nascida, estavam na lancha “Proteção de São José”, que fazia o transporte das pessoas na época a São Luis.
“Eu estava casado recentemente, logo veio minha primeira filha, só que teve algumas complicações de saúde, ai tivemos que levar minha filha e minha esposa á São Luis, já que o sistema de saúde no município era muito precário. Saímos do porto da Raposa, que nessa época era a porta de entrada e saída de pessoas a capital. Estavam na embarcação, nós três da família, e alguns amigos que hoje ainda estão vivos, é o caso de Kidinho, Batista e outros… 
Por volta das 23:00 horas alguns dos passageiros já estavam deitados em redes na lancha, só que eu estava distante de Marineth ( sua esposa ), quando ouvir o primeiro barulho forte, tipo um choque com alguma coisa… não demorou muito para ouvir o segundo barulho, foi quando levantei procurando minha filha e a esposa, não olhei mais elas a partir daquele momento, foi desespero total. Pessoas gritando e sem podermos fazer nada, já que era noite. Marineth ao cair na água, conseguiu se apegar em um tambor. Com ela estavam  mais cinco homens, agarrados ao mesmo, acredito que eles foram fundamentais para não deixar ela desistir, assim conseguiram chegar ao seco. Das mulheres que estavam na lancha, apenas Marineth sobreviveu ao naufrágio”, relembra Pedinho Duarte.

Baia de São Marcos- São Luis

Na entrevista concebida ao blogueiro, o sobrevivente ainda fala sobre o caos que passaram e o sofrimento do dia em que aconteceu o naufrágio. “Eu estava perdido, sem saber pra onde ir, foi quando Batista chegou próximo de mim, ele sabia nadar melhor do que eu, perguntou sobre a família e me falou que estava mortos. Não estava mais conseguindo nadar de cansaço, pedir que ele dissesse a minha família que eu tinha morrido, achava que não ia conseguir sair vivo, continuei a nadar, não demorou muito Batista me encontra novamente, começamos a nadar e em certo momento nós nos distanciamos um do outro, fiquei a vagar sozinho. Teve outro momento que estava nadando em pé, sentir um peixe de porte grande passar perto de mim, a agua ficou gelada no momento, foi aí que pensei o pior… continuei a nadar sem rumo, por volta das seis horas da manhã tive contato com lama de uma ilha. Ao chegar no seco encontrei um amigo em cima de pedras sem roupa mandando o dedo e mão aos peixes dizendo: não foi desta vez”, continua o sobrevivente emocionado ao lembrar dos momentos de desespero.
Pedinho continua o relato. “Começamos a resgatar amigos e outras pessoas que se encontravam no local, só que meu pensamento estava na família, a todos que eu olhava, perguntava se tinham visto a minha esposa, Marineth, a resposta era que não. Mais em momento algum, perdi a esperança e sempre achei que ela estava viva. Fomos sair na Estiva, lá tive que pedir dinheiro emprestado pra conseguir chegar em São Luis, conseguimos alugar uma Kombi, para transportar as pessoas.

Ao chegar no Plantão Central em São Luis, o que tinha de pessoas a procura de parentes, ainda não tinha visto. Estava na casa de um amigo, foi quando passou um JEEP, coloquei o rosto pra fora da janela, o veículo já estava passando e tinha apenas uma mulher, conheci que era Marineth. É o dia que tento esquecer de minha vida, mais não consigo, o filme volta sempre. Lamentamos muito por familiares que perderam seus entes queridos, como eu e minha Esposa, que poderíamos ser, também, um dos que se foram no naufrágio.
Durante a entrevista concebida ao Blog São João Batista em Foco, o sobrevivente ficou tão emocionado que o blog não conseguiu captar bem a fala do entrevistado. E o blog optou por não colocar o aúdio do relato. Fonte: Blog São João Batista em Foco. Fotos: Blog Contos e Encantos de São João Batista.

EQUIPE DE REDAÇÃO DA AGÊNCIA SJB

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