Acusado de intermediar morte do quilombola Flaviano Pinto Neto é condenado a mais de 18 anos de prisão

O Tribunal de Júri condenou Josuel Sodré Saboia a mais de 18 anos de prisão em regime fechado pela morte do quilombola Flaviano Pinto Neto. O julgamento foi realizado ontem, 22, na cidade de São João Batista, acompanhado de familiares e líderes quilombolas da Comunidade do Charco, na divisa entre São João Batista e São Vicente Ferrer.

Julgamento foi realizado na Câmara de Vereadores

Flaviano Pinto Neto era líder da comunidade quilombola do Charco e foi assassinado no dia 30 de outubro de 2010. O crime se enquadra na figura de homicídio sob encomenda e, na época, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Manoel de Jesus Martins Gomes – “Manoel de Gentil”; Antônio Martins Gomes – “Antônio de Gentil”; Josuel Sodré Saboia e Irismar Pereira – “Uroca”. Os dois primeiros, fazendeiros, foram acusados de serem os mandantes, Josuel Sabóia, como intermediário, e Irismar, como executor.

Este último estava preso e acabou assassinado no presídio de Pedrinhas, em São Luís, sem ter sido ouvido em juízo, e os irmãos Manoel de Gentil e Antonio de Gentil foram pronunciados para o julgamento em novembro de 2014, mas a defesa recorreu ao Tribunal de Justiça do Maranhão e conseguiu inocentar os dois. Os advogados do quilombola recorrera ao Superior Tribunal de Justiça, onde os juízes decidiram manter a decisão do TJ e os dois não são mais réus nesse processo.

No julgamento de ontem, onde a acusação foi feita pelo promotor Felipe Rotondo e a defesa pelo advogado Cícero Carlos de Medeiros, o Conselho de Sentença reconheceu, por maioria dos votos, que a vítima foi atingida por disparo de arma de fogo e que o réu, Josuel Sodré Sabóia, concorreu ao crime em que ocorreram os disparos que provocaram a morte da vítima e que ele tornou impossível a defesa da vítima. Por isso, ele foi condenado a 18 anos, 8 meses e 12 dias de reclusão, em regime fechado, em Pedrinhas.

Entenda mais o caso

Flaviano Pinto Neto foi assassinado na noite do dia 30 de outubro, no interior do Bar da Cilene, localizado no povoado Santa Rita I, às margens da MA-014, no município de São João Batista (distante 296km de São Luís). Consta na denúncia que os autores do plano de morte do quilombola foram Manoel de Jesus Martins Gomes e Antônio Martins Gomes. Irismar Pereira efetuou os disparos, enquanto Josuel Sodré Sabóia atraiu e conduziu a vítima até o local do crime. Sabóia é ex-policial militar e possui uma extensa folha de antecedentes criminais.

O motivo do assassinato foi a disputa por uma área de terra, que pertencera a Gentil Gomes, pai de Manoel de Jesus Martins Gomes e Antônio Martins Gomes. A área estava prestes a ser desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em favor da Comunidade do Charco, reconhecida como remanescente de quilombo. A Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado Charco, presidida pela vítima, pleiteou, desde 2006, a regularização do assentamento das 71 famílias quilombolas que moram, há mais de 60 anos, naquela área, o que teria incomodado os irmãos Manoel e Antônio Gomes.

De acordo com as provas apuradas, a vítima Flaviano Pinto Neto não registrava antecedentes criminais, não possuía inimigos declarados nem teve nenhum pertence roubado após ser assassinado. Durante as investigações da Polícia Civil, os denunciados negaram qualquer envolvimento com o assassinato do líder quilombola.

Folha de SJB


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5 respostas para “Acusado de intermediar morte do quilombola Flaviano Pinto Neto é condenado a mais de 18 anos de prisão”

  1. DINHEIRO E POLÍTICA FIZERAM A ‘INOCÊNCIA’ DE MANOEL DE GENTIL E SEU IRMÃO
    MAS A JUSTIÇA DIVINA NÃO FALHARÁ

      1. Responda: Quais motivos os assassinos teriam para matar o quilombola? Essa conversa de justiça divina é história pra boi dormir. O certo é: aqui se faz aqui tem que se pagar. Quando esses covardes saírem da prisão com a pena reduzida por “bom comportamento” isso por que se converterão a alguma religião ou seita e fingirão o arrependimento, certamente receberão alguma recompensa por não delatar os mandantes desse assassinato que até quem é surdo sabe só a justiça não sabe por que é cega.

  2. O Saboia, pra quem tem boa memória , era motorista e segurança do ex prefeito Nonato Pinto, andava armado em São Vicente, afrontava e ameaçava quem discordasse do prefeito e seus parceiros. Quando for solto da cadeia já tem promessa de emprego como segurança da quase futura deputada federal.

  3. Quero aqui parabenizar o delegado Dr. Armando, que fez uma excelente investigação, onde se soube de tudo e mais um pouco deste acontecido.

    Parabéns Dr. Armando!!!!

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