COLUNA DO PROFESSOR MARCONDES: CALÇADAS, UM PROBLEMA URBANO

Professor Marcondes
As calçadas, espaço destinado ao passeio dos transeuntes, constituem-se como mais um dentre nossos vários problemas urbanos sérios. Aqui em nossa cidade as pessoas costumaram-se a andar pela rua, disputando espaço com os veículos, carros e motos principalmente, colocando suas vidas em risco. Como o tráfego não tem nenhuma estrutura e a maioria dos motoristas não têm a mínima noção das normas, das regras do trânsito, as pessoas, sem o espaço pavimentado para sua locomoção devidamente adequado – a calçada, passeiam pelo asfalto, tornando nosso cotidiano, nos horários de pique, semelhante às ruas das cidades indianas. 

As calçadas, em sua maioria, são remanescentes da época em que cada casa era construída sem obediência ao alinhamento e nivelamento do terreno, assim temos umas mais altas, outras mais baixas e muitas em dois níveis, destacando as construções que não deixaram espaço para as mesmas. Com o passar do tempo o padrão arquitetônico mudou, evoluiu. Então fomos desprezando o modelo português antigo e até então copiado, que remonta às cartas régias, e as casa foram ganhando jardins, espaços laterais, terraços, garagens, sem, no entanto, desprezarem os quintais típicos dos interiores, isto para os detentores de maiores terrenos. 

Ganham lajes e andares superiores com sacadas, venezianas, janelas envidraçadas, alumínio, aço, portões trabalhados em madeira ou metais, enfim, modernizaram-se muito naturalmente – consequências dos avanços tecnológicos a serviço do conforto, da estética e da beleza também arquitetônica. Estamos num mundo globalizado onde, as restrições de uma “peneira provinciana” ainda nos dá o ar de sua graça, e em certos casos, graças a Deus! As cópias dos modelos que são comumente mostrados pela mídia também sofrem suas adaptações joaninas, ou melhor, interioranas, porque já as vi n’outras cidades. 

Então, a moda agora é construir com escadas na parte externa da casa e muitos aproveitam as calçadas para estenderem suas escadas, num total desrespeito aos direitos dos transeuntes e aos ditames urbanísticos. Não restam às pessoas alternativas senão imitar a Índia e misturarem-se aos automotivos, expondo-se às barbeiragens de tantos motoristas e pilotos. E notem que essa conduta é generalizada e perigosa por demais. Fato é que vamos crescendo devagarzinho, sem que apareça uma autoridade com senso de responsabilidade e lucidez para se comprometer com a questão urbanística. 

Seria difícil constituir um órgão ou departamento que se responsabilizasse pela resolução desse problema, que inspecionasse as construções e não permitisse agressões e desrespeitos ao direito de ir e vir com segurança dos demais cidadãos? Por que fazer de contas que não é um problema e ignorá-lo? Por que calçadas desniveladas, íngremes, inclinadas, e recobertas com cerâmicas, escorregadias? Para as pessoas que se locomovem com seus próprios pés sofrerem quedas e traumatismos diversos? Por que não promover a segurança e investir na prevenção de acidentes? 

Porque as autoridades são incompetentes ou porque não têm um mínimo de afinidade com nossos problemas, seriam as alternativas de respostas mais convincentes.

Folha de SJB

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