O lago representa a principal fonte de renda da população local, que sobrevive à custa da pesca artesanal e da lavoura. Possui uma área total de 3.5km² e profundidade que varia entre 1.5m e 2m. A denominação de Lago dos Fugidos remonta aos tempos da escravidão, como explica seu Domingos Caúna, nativo de 82 anos, e que mora em Itaparica, “pois para ali se dirigiam os escravos que fugiam do cativeiro das fazendas próximas. O local sempre foi rico em alimento, propiciando alimentação não somente pela abundância de peixes, mas também em decorrência da caça de animais silvestres, tais como a jaçanã, marrecas, a japeçoca, o tatu, a paca, a capivara e a lontra, que não existe mais por aqui”.
BÚFALOS – INIMIGOS DOS PESCADORES
Atualmente, a população local informa que a quantidade de peixes no lago diminuiu bastante, devido à pesca predatória, ao assoreamento das margens e à contaminação da água, principalmente causada pela introdução de búfalos na área. O lago recebe a pressão não somente de pescadores de Olinda Nova, mas também de municípios próximos, tais como Viana, Penalva, Matinha, São Vicente de Férrer e São João Batista, dentre outros, o que incomoda bastante os pescadores locais. O lago está pressionado por grande quantidade de búfalos que se concentram nas suas margens ou nas suas águas, o que impede o consumo da mesma por parte da população em razão da contaminação.
Não existe um Plano de Manejo para a criação dos búfalos e, nos últimos anos, os latifundiários começaram a construir ilegalmente cercas nos campos da APA – Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, o que tem ensejado a ação do Ministério Público. A introdução dos búfalos na região teve início na década de 50 do século passado, e cresceu absurdamente desde então, gerando conflitos e causando destruição, com claro prejuízo à atividade pesqueira artesanal. Os pescadores usam apetrechos simples como redes, espinhéis, socós (para a pesca dita de choque) e landuás, e se utilizam de canoas e de cascos movidos a varas (marás). São encontrados ali a traíra, a piranha, o piau, a piaba, o jeju, o acará, as curimatás, os cascudos, os pacus e alguns surubins. A pesca é para consumo familiar, e o excedente é repassado a baixo custo, tanto para Olinda Nova quanto para municípios vizinhos e até para São Luís.
POTENCIAL ARQUEOLÓGICO
Seu Domingos Caúna, a mais expressiva memória oral da área, nascido e criado na beira do lago a 17 de abril de 1928, também se refere a ele com reverência. Cordelista, assim se expressa sobre o local: “sobre o Lago dos Fugidos / eu peço uma proteção / eu peço que as autoridades / tomem boa direção / para evitar este crime / da grande devastação / e aqui ainda respiro / com uma vida precária / sem ter onde trabalhar / devido à força hereditária / dos ricos cercando os campos / sem haver reforma agrária / a outra coisa primária / que me deixa admirado / em Olinda Nova do Maranhão / eu digo e dou atestado / que as palmeiras são devastadas / e o campo todo é cercado / o povo que vive do pescado / já perdeu a direção / para pescar e botar roça / não existe condição / o jeito é ir para a cidade / para não ser marginal ou ladrão /esta é a maior contradição / do Maranhão de escritores / pois precisam de apoio certo / os pobres lavradores / que estão no sofrimento / sofrendo as maiores dores”. O Lago dos Fugidos, ou Lago dos Coqueiros representa mais um local de grande importância ambiental do Maranhão, e que pode ser viabilizado turisticamente. A preservação do local exige ação mais efetiva por parte do poder público, em defesa deste maravilhoso potencial ecológico e paisagístico ali existente.
Um espetáculo de dança está sendo elaborado pelo Programa de Formação em Arte e Cultura da ONG Formação, que possui atuação na região da Baixada Maranhense, procurando chamar a atenção da população para a importância do lago e agindo diretamente na melhoria das condições de vida dos jovens do município. O nome da performance cênica será justamente Lago dos Fugidos, e terá como eixo temático as lendas e mitos ali existentes, além das desigualdades sociais verificadas no município, especificamente na região dos campos e lagos. Com informações do Jornal Pequeno. Imagens Blog SJB em Foco.
Folha de SJB
Em tempos de desinformação, o Blog do Jailson Mendes reforça o compromisso com o jornalismo profissional, comunitário e de qualidade. Nossa página produz diariamente informações na Baixada Maranhense de forma responsável e que você pode confiar.