A crônica do dia: O perfeccionismo de papai

Franky Raykar

Eu lembro bem da época em que se podava as árvores lá de casa, e meu pai um dia, assim que acabou sua sesta (sono após almoço) foi ornamentar o cajueiro grande do quintal. Eu lembro que ao subir, uma certeza nós tínhamos, “ele vai demorar descer…” Cortes para cá e para lá e nada…

Arremates para cá e para lá, mas nada… Aos meus olhos, uma criança de 10, 11 anos de idade já estava perfeito, e a árvore assim como uma jovem senhorita em idade fértil, estava linda e bela, pronta para dar frutos e ser admirada por todos…

Mas para meu pai não, perfeccionista que era, sempre achava que cabia mais um retoque com o facão ou com tesoura de jardinagem… Ele passará boa parte da sua juventude trabalhando com isso… Me vem a memória: será que ele já na juventude era um aficionado pela perfeição? Não sei…

Tenho que dedicar um pouco mais de tempo me relacionando com ele para saber disso. Você está curioso para saber como terminava esse minucioso trabalho, né!? Ele sempre resolvia derrubar a árvore ao final, com uma grande dor no peito, ele fazia isso…

Assim aconteceu com o cajueiro grande do quintal, o cajueiro pequeno da frente da casa, o coqueiro de depois do banheiro, a jaqueira (esta, coitada nunca dera fruto que preste…), A ateira do lado da casa… O perfeccionismo de papai acabou derrubando todas elas. Tal qual um artista, “a perfeição ou nada”, assim ele agia…

Ainda bem que não “puxei” isso pra ele, se não, este texto jamais haveria acontecido…

Franky Raykar, acadêmico de Enfermagem da UFMA, cristão, flamenguista, original de Matinha-MA, residente em São Luís-MA


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4 respostas para “A crônica do dia: O perfeccionismo de papai”

  1. Caríssimo Franky!

    Lendo o seu texto, ou crônica como preferir, sabe o que me ocorreu? usa o perfeccionismo do seu amado PAI na sua profissão que carece de pessoas comprometidas em fazer o bem, acredite você vai se sentir muito bem, e “recompensado” , boa sorte!!?

  2. Quantas verdades este texto traz! Luto contra o perfeccionismo todos os dias e, ah… Quanto de mim e de minhas relações ele já destruiu! Também cresci em um lar assim. Parabéns pelo texto!

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